Era dia da ceia de Natal e a chegada dos irmãos estava prevista para aquele dia. O P. e o D., os dois irmãos deficientes do L. Um mais profundo que outro, mas ambos incapazes de se tratarem sozinhos. Incapazes de comerem sozinhos, de se lavarem sozinhos, de se vestirem sozinhos. Quando chegassem, seria esse o seu primeiro serviço, tratar deles. Tirar-lhes-ia a roupa e na banheira faria os possiveis por que ficassem lavados.
Deppois disso a ceia. O bacalhau, uma oferta, já estava a demolhar e era preciso ainda descascar as batatas. Havia também um bolo-rei que adornaria a mesa. Oferta. Depois de tudo cozido ele mesmo iria servir os irmãos e a mãe.
A mãe estava na cama. A idade avançada e o muito peso deixavam-na prostrada. A doença também. Doença essa que, sem grandes margens para dúvidas, não era apenas doença própria da muita idade e do muito peso, mas sim indisposições que se compram em garrafas de vidro em qualquer tasca de aldeia.
Não haveria nenhum presente para abrir. Nenhum chocolate para comer. Nem haveriam conversas longas à mesa, entre risos e frutos secos. Não haveria mais do que o prato das batatas com o bacalhau e uma fatia do bolo-rei da caridade. E o frio. Depois seria hora de colocar o pijama aos irmãos e deitá-los na cama. Depois seria hora de dormir como todos os dias.
No dia seguinte, manhã ainda e enquanto ainda não houvessem tentações, a mãe iria ajudá-lo com o farrapo velho. Depois viriam os outros irmãos, uns mais velhos e outros mais novos. A familia, grande, espalhada pela terra, desunidos pela pobreza, unidos pelo sangue. No resto do tempo, a solidão amarga. Depois iriam todos embora e ele teria novamente que tratar dos irmãos, da mãe e da casa.
A pobreza. A pobreza extrema. A falta de dinheiro. A falta de carinho. A falta de atenção. A falta de ajuda. A falta de tudo. Pobreza de espirito também.
L. tem um peso enorme nas costas mas nasceu com um coração muito grande, capaz de ultrapassar a grave deficiência intelectual com que nasceu. L. é uma pessoa marcada pela vida mas traz quase sempre estampado no rosto um sorriso aberto e sincero.
Quando estou de mal com a vida penso nele. É uma lição de vida.
* História real que me foi contada na primeira pessoa.
Actualização 1 - Estou muiiiiiiiiiiiiiiiiito cansada!
Actualização 2 - Se eu já não tinha tempo para quase nada, agora com o curso é que não tenho mesmo tempo para nada!! Ocupa-me pelo menos três noites por semana e alguns sábados. Pelo menos tenho tido boas notas! (não me estou a gabar, hu hu hu hu)
Actualização 3 - Continuo no part-time.....bah.....eu bem queria não ir, mas a coisa ($) continua dificil... Assim sendo já não tenho um fim-de-semana há tanto tempo que já nem sei o que isso é....
Actualização 4 - Já disse que o meu estado é de extremo cansaço????
Actualização 5 - Os miúdos até se têm portado bem! O que é uma grande ajuda atendendo ao estado caótico da minha vida! Tiverem notas bastante razoáveis, o que me deixou feliz!
Actualização 6 - Continuo sozinha....mas como diz o ditado "mais vale só do que...." E se por vezes custa muito noutro dias nem me lembro disso.
Actualização 7 - Estou exausta e ando a suspirar por uma tarde ao sol na praia com um bom livro e uma música agradável nos ouvidos....ai ...ai....
Tenho a minha vida a andar em Fast Forward. E por mais que carregue no Play nada acontece. Acho que está avariada.
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...decisão para mudar um pouco a minha vida. O médico aconselhou e eu hoje já fui fazer a inscrição. Alguns kms na passadeira e mais alguns na bicicleta, e tudo sem abafar! Além de me fazer bem à saude, espero que também me faça bem ao ego!
O médico mandou-me mudar de vida, mas sinto-me de mãos e pés atados....
Que vontade de sair daqui, abandonar esta vida sem sentido e recomeçar tudo de novo nalgum sitio onde a palavra tranquilidade ainda faça sentido...
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O primeiro dia do ano é um dia como outro qualquer, tem o mesmo número de minutos, o sol levanta-se do mesmo lado e o ar que se respira contém os mesmos elementos. E no entanto, por mais que eu tente minimizar a importância do dia, fica sempre no ar o desejo de que seja diferente, de que seja um marco na minha vida. Faço planos, penso em tudo o que quero fazer, todas as pessoas que quero ver, lugares que gostava de conhecer. Faço planos para impor regras aos miúdos e até penso em mudar os móveis de lugar. O certo e sabido é que a exemplo dos outros anos, muitas coisas vão ficando pelo caminho…Fica a intenção, o sonho, a boa vontade.
O início do ano é um ponto na linha da nossa existência que nos faz reflectir no rumo da nossa vida. Precisamos de de vez em quando parar para pensar, fazer uma limpeza na nossa vida, limpar, arrumar, deitar fora o que não presta. Que dia melhor do que o iniciar de um novo ano? Limpinho, sem páginas escritas? O calendário anuncia o início do ciclo. Já suspiramos pela primavera, fazemos planos para o verão e no meio de tudo isto desejamos que o ano que vem seja melhor do que o que passou, suspiramos por ter a oportunidade de corrigir erros, de sermos melhores pessoas.
Afinal de contas, parece que o primeiro dia não é um dia como outro qualquer…
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Ao sábado de manhã não moro no mesmo lugar. As ruas estão silenciosas, os carros estão nas garagens, as persianas corridas. As luzes dos reclames luminosos estão desligados e os quiosques fechados.
Ao sábado de manhã entro num mundo adormecido de mansinho e não faço barulho. Sigo o meu rumo, trabalho tranquilamente até à hora em que o mundo desperta. Mas não é um despertar normal, como numa terça ou numa quinta. Ao sábado o mundo desperta mais devagar, sai de pijama à rua, espreguiça-se. Veste o fato de treino e vai andar à beira-mar. Compra o jornal e a revista semanal e toma o pequeno-almoço numa esplanada em dias de sol e em dias de chuva fica muito quentinho à lareira, embrulhado numa manta a bebericar uma chávena de chá. O mundo ao sábado é um bocadinho preguiçoso.
Hoje é sábado e chove. Lá fora está tudo sossegado, apenas se ouve a chuva a cair e o vento a ecoar pelas ruas. Está frio e ninguém vai sair. Vão ficar em casa com as suas famílias aproveitando a tranquilidade do lar.
Eu também desejava fazer parte desse mundo adormecido mas em vez disso calhou-me na sorte ver o mundo dormir. O mundo não sabe o aspecto que tem quando dorme, por isso hoje lembrei-me de vir aqui contar ao mundo que dorme tranquilamente. E nem precisa de se preocupar, porque enquanto dorme há sempre alguém que vela por ele…
Penso que estou triste. Penso que estou muito sozinha. Penso que me faz falta uma companhia. Penso que bom que era ter alguém que me convidasse para jantar, que me desse a mão no cinema. Penso que me faz falta um carinho, um beijinho, um abraço, uma noite de amor. Penso que essa pessoa demora muita para aparecer. Penso que já não sinto a ansiedade no estômago por esperar alguém há tempo demais. Penso que faz falta o amor. Penso que o amor é complicado. Penso na vida com alguém. Penso nos ciúmes e nas desconfianças. Penso nos horários, penso nas exigências. Penso que com o tempo deixamos sempre de ser especial. Penso na liberdade. Penso que faz falta ter espaço para mim, tempo também. Penso que já não sei lidar com o controle. Penso que os meus filhos não merecem que lhes imponha alguém que eles não escolheram. Penso na privacidade perdida. Penso em todos os amigos e amigas para quem deixaria de ter tempo. Penso nos sonhos por realizar. Penso. Penso na vida como ela é. Penso que estou triste.
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O esquerdo, depois o direito, depois o esquerdo, direito, esquerdo… é assim que vamos caminhando pela vida fora. Devagar, depressa, a correr, não importa. Apenas importa que não há forma de andar para trás. O caminho da vida é sempre para a frente, mesmo que as vezes nos pareça que andamos para trás. As vezes temos que atravessar uma montanha, enfrentar o frio, a neve, o sol abrasador, uma praga de mosquitos. As vezes atravessamos o deserto e quase morremos de solidão e cansaço. Outras vezes atravessamos uma planície imensa, percorremos uma estrada que não se vê nem o princípio nem o fim, o tédio instala-se mais a preguiça até ao próximo solavanco. O percurso da vida é complicado, é cheio de curvas acentuadas, curvas e contracurvas, subidas íngremes e descidas a pique. As vezes também acontecem acidentes mais ou menos graves mas mesmo assim temos que continuar. Temos que lutar para continuar. Seria bom se pudéssemos caminhar na vida numa estrada ladeada de madressilvas, onde os passarinhos pousassem para cantar. Onde se vissem os campos a perder de vista e a estrada fosse larga e macia. Seria tão bom se pudéssemos caminhar na vida numa estrada a beira-mar, tendo por berma a praia e o oceano imenso. E de vez quando pudéssemos fazer uma pausa para um cafezinho numa qualquer esplanada tranquila onde só se ouvisse o marulhar do mar e os gritinhos das gaivotas… Seria tão bom se pudéssemos caminhar na vida sempre de mãos dadas com quem amamos. Fazendo caminho em alegre cavaqueira, sorrindo, cantando, sem nunca sentir a solidão, a tristeza ou a angustia. Seria tão bom se pudéssemos nós traçar o nosso caminho…
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Lá ia ela, como tantas outras vezes em que a vejo, de sorriso nos lábios. Nao sei o nome dela, nem a idade, nem se gosta mais de carne ou de peixe. Sei que passa por mim, risonha, de mao dada com uma menina, que pela pinta só pode ser a filha. Passa a cumprimentar: bom dia, está bom tempo não está? - e ri. Ri com aquele riso franco de quem esta de bem com a vida. Ri com aquele riso aberto de quem ri com vontade, se forçar, sem pudor. Olho-a e apesar do riso apetece-me chorar.
Sou parva, eu sei, mas não consigo evitar que uma lagrimita teimosa me assome aos olhos. Fico comovida. Fico emocionada. Fico esmagada por um sentimento de impotencia, de tristeza, de angustia, de empatia para com aquela mulher que passa numa cadeira de rodas de sorriso nos lábios...
A diferença deve magoa-la. A impotencia deve magoa-la. A dor deve magoa-la. As lembranças devem magoa-la. E no entanto ela parece feliz. Feliz quando passa de sorriso nos labios. Creio que aceita o que o destino lhe reservou e fica feliz com o que ganhou: a vida em si mesma.
Quantos de nós andam de cara amarrada por muito menos? Quantos de nós não agradecem por todas as coisas boas que tem na vida? Saude, liberdade... Eu tambem padeço um pouco desse mal. As vezes, no meio de tanta agitação, tantos problemas, acabo por esquecer que tenho saude, filhos lindos, emprego (dois até!!), tecto, familia e amigos.
Sou uma afortunada e lembro-me disso poucas vezes...
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi