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Sento-me para escrever. Ainda não sei bem sobre o quê, mas preciso de o fazer. Sinto-me sufocar. Sinto-me perdida. Tudo é cinza à minha volta. E dentro de mim, cinza, cinza. Dentro de mim, mais do que noutro lugar o cinza cobre tudo, como o pó cobre os móveis em casas abandonadas durante anos e anos...
A sua opacidade deixa-me presa num turbilhão de sentimentos contraditórios. Ora me sinto protegida de olhares indiscretos, ora me sinto sozinha e invisivel para a espécie humana. Estou sozinha. Volto-me e não vejo ninguém. Nunca vejo ninguém. Nada. Apenas o nevoeiro cinza que tudo cobre.
Caminho durante muitas horas e nada mais vejo do que o cinza. Para onde estou a ir? Existe um lugar para onde ir? Por onde estou a ir? Há caminho debaixo dos meus pés? Onde me leva? A terra firme ou estarei a um passo do abismo? Há céu acima de mim? Estarão outros perdidos como eu por aí? Será isto terra de ninguém? O fim da humanidade? Será isto o limbo? Terei já abandonado a vida?
O sol. Tenho saudades do sol. E de sorrisos. E das árvores verdes. Tenho saudades de lagos azuis. Tenho saudades de laranjas. E de morangos vermelhos. Tenho saudades de margaridas brancas. E também das madressilvas pérolas. Tenho saudades da terra e do fogo e da água e do ar. Tenho saudades da lua. Tenho saudades da vida. Tenho saudades de ti.
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Deixei-te fugir numa destas tardes primaveris em que o sol ameaçava já desmaiar por força do adiantado das horas. Saíste do meu peito num bater de asas suave, deixando no ar um cheiro de saudades e rosas. Depois vi-te voar em direcção ao céu azul matizado de cores pastel. Brincaste por momentos no cabo de alta tensão e depois, misturado entre andorinhas de peito branco e asas negras, desapareceste do meu ângulo de visão.
Sentei-me então na beira da estrada, um pouco vazia e perdida, olhando o céu na esperança de que não demorasses muito a voltar. O frio que me entrou pelos pés e me percorreu as pernas por dentro, demorou muito pouco a chegar ao ventre e depois de um breve momento de hesitação, chegou ao peito. Esse, vazio, fazia eco quando pensava no teu nome. Depois o frio cortante tornou-se vento e quando se fundiu com o eco, o barulho tornou-se ensurdecedor.
Depois, como se tivesse caído uma chuvada de Verão que lava a terra e as plantas e os beirais das casas e deixa tudo num silêncio dormente, fiquei em paz. Nenhuma inquietação, nenhum suspiro profundo, nenhum tremor de lábios entreabertos, nenhuma dor por detrás do esterno. Apenas o silêncio dentro do meu corpo. Nem o sangue a correr nas veias se fazia ouvir. Nada.
Depois daquilo que me pareceu ser uma eternidade, voltaste, e contigo as sensações antigas em catadupa. A inquietação voltou. Os suspiros voltaram. As tremuras nos lábios voltaram. A dor por detrás do esterno voltou. E com tudo isso o teu rosto também voltou a habitar o meu peito e trouxe dentro dele o teu sorriso e dentro do teu sorriso a certeza de que nunca amarei mais ninguém tão intensamente.
Lembrei-me então da fita que trazia no meu cabelo farto e com ela fiz um laço e prendi-te então ao braço. Não te deixarei fugir outra vez.
Cláudia M.
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Há coisas que não se devem fazer quando se está sozinho, vulgo, celibatário involuntário. Uma delas é ir caminhar à beira-mar com um pôr-do-sol fantástico! Muito menos ir atrás de um casal que caminha abraçado, sem pressas, aproveitando a companhia um do outro e a beleza da paisagem.
O resultado desta combinação é uma grande tristeza que começa algures dentro do peito, sobe até á cabeça e depois desce até à garganta e forma um soluço que mal deixa respirar. Por vezes também passa pelos sacos lacrimais e obriga-os a abrir as comportas...
O truque é ir buscar aquele caderno imaginário onde anotei todas as razões que me levaram a terminar relacionamentos, inclusive os que me levaram a ser uma mulher divorciada, ler e reler e tornar a reler...
E... voilá! Resulta sempre:)
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Dói-me tudo.
A pele. Os músculos. Os vasos sanguíneos. Os ossos.
O estômago. Os pulmões. O cérebro. O coração.
Dói-me tudo.
Não há nenhum centímetro de corpo que não me doa por causa de ti.
E dói tanto, tanto, tanto…
Apetece-me gritar! Gritar sons e interjeições e palavras sem sentido!
Gritar apenas!
Não dizer coisa com coisa porque não há palavras para dizer.
Nenhuma palavra pode dizer tudo o que sinto…
Nem muitas palavras podem dizer o que sinto…
Apenas a dor lancinante no corpo.
Na minha cara um esgar, um espelho da minha alma profundamente magoada.
O meu corpo contorcido pela dor. A minha pele, quente, febril.
Dói-me tudo.
A alma, sobretudo dói-me a alma que não sei sequer onde vive.
Não sei se na pele, se nos músculos, se nos ossos.
Não sei onde vive a minha alma e por isso dói-me tudo. Cada pedacinho do meu corpo…
Dói-me tudo porque não posso olhar para os teus olhos com os meus olhos.
Não posso sentir a pele quente do teu corpo na pele das minhas mãos.
E também não posso sentir os teus lábios húmidos com os meus lábios.
Não posso sentir o teu corpo dentro do meu abraço.
Dói-me na carne a dor imensa da saudade.
E a cada hora que passa dói mais e mais, mais profundamente.
Dói-me tudo e não há como matar esta dor.
Antes a dor me matará a mim…
Cláudia Moreira
Precisei de um sorriso rasgado
Precisei de uma lágrima sincera
Precisei de um abraço apertado
Precisei de uma mão atenta
Precisei de um beijo apaixonado
Precisei de uma palavra feita de amor...
... mas tudo o que encontrei foi o vazio frio e silencioso da solidão....
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Estás tão perto de mim
Tão próximo o teu rosto do meu
Apenas uns escassos centimrtros
E os meus lábios pousariam nos teus
No entanto
Um gigantesco mar feito de diferenças
Nos separa
A maior, o amor
Que te dedico
E que não vês
Como podes tu não ver um amor tão grande assim?
Que se ergue agigantado no meu olhar
Que se mostra inteiro, nu, no meu sorriso
Que leva tanta ternura em cada letra de um olá apenas murmurado…
Estás tão perto de mim mas tão longe
Como se um imenso mar nos separasse
No entanto
Se eu estender a mão posso sentir o teu rosto
Imensamente belo nos meus dedos ansiosos.
Gosto de ti. Sim, gosto de ti e isso dói.
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Hoje não consigo parar de chorar
Não consigo que as lágrimas parem de me correr pela cara
Inchando os meus olhos, a minha pele e todo o meu ser…
Tenho uma dor dentro do peito
Uma dor que me magoa imensamente
Uma dor tão grande como se uma tenaz me apertasse uma perna
Ou um braço
Como se me rasgassem a pele sem pena
Como se me esburacassem o peito com uma faca afiada
Hoje não consigo parar de chorar
Como se não fosse mais possível sorrir
Como se tivesse desaprendido de ser feliz
Como se essa possibilidade me fosse vedada para todo o sempre
Hoje não consigo parar de chorar
Queria correr, correr sem parar
Sem destino, correr até já não conseguir sentir-me
Até estar tão cansada que não seja capaz de chorar
Só queria parar de chorar…
Só queria parar de chorar…
Só queria parar de chorar…
Só queria parar de pensar…
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Perguntei ao peixinho que nada no mar
E também a uma solitária margarida
Perguntei a uma gaivota que aqui vi passar
E perguntei ainda a uma libelinha no campo perdida
Depois perguntei ao grande carvalho
E também ao cacto do deserto
E a uma rosa coberta de orvalho
E também ao gato que estava mais perto
Perguntei a todos os seres vivos do mundo
Mas o mais que consegui ouvir
Foi um silencio pesado e profundo
Que não me fez desistir
Perguntei então a um grão de areia
E também à estrela mais brilhante
Perguntei à pedra mais dura e mais feia
E ao mais belo e puro diamante
Perguntei então ao imenso planeta Terra
A Vénus, Saturno, Marte e também ao sol ardente
E ao cosmos inteiro que tantos mistérios encerra
pedi por favor, respondam-me urgente
Mas até então ninguém me soube responder
Uma mentira por piedade ou apenas a verdade
Preciso mesmo de saber
Para acabar com a ansiedade
Preciso mesmo de saber
Porque me sinto tão só...
Nos meus olhos cansados pousaste os teus
Tremi
Não de frio nem de medo, mas de dor
Por saber que neles já não via nenhum amor
Chorei
Mas de coragem e arte o meu peito enchi
E os olhos sedentos para ti eu ergui
Doeu
Ver-te voltar as costas sem olhar para trás
Não sei como de ficar de pé fui capaz
Sofri
Mas não fui capaz de dali arredar pé
Embora no meu peito não houvesse mais fé
Fiquei
Mais morta que viva e muito dorida
De corpo fraco e cansado e alma perdida
Gritei
No silêncio perfeito do meu peito cansado
O grito ali ficou para sempre abafado
Sucumbi
E então, meu corpo tombou no chão finalmente
E o silêncio da morte chegou inclemente…
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Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi