Falar sobre tudo e mais alguma coisa

Sábado, 16 de Julho de 2011
Cinza

 

 

foto retirada da net 

 

 

 

 

Sento-me para escrever. Ainda não sei bem sobre o quê, mas preciso de o fazer. Sinto-me sufocar. Sinto-me perdida. Tudo é cinza à minha volta. E dentro de mim, cinza, cinza. Dentro de mim, mais do que noutro lugar o cinza cobre tudo, como o pó cobre os móveis em casas abandonadas durante anos e anos...

A sua opacidade deixa-me presa num turbilhão de sentimentos contraditórios. Ora me sinto protegida de olhares indiscretos, ora me sinto sozinha e invisivel para a espécie humana. Estou sozinha. Volto-me e não vejo ninguém. Nunca vejo ninguém. Nada. Apenas o nevoeiro cinza que tudo cobre.  

Caminho durante muitas horas e nada mais vejo do que o cinza. Para onde estou a ir? Existe um lugar para onde ir? Por onde estou a ir? Há caminho debaixo dos meus pés? Onde me leva? A terra firme ou estarei a um passo do abismo? Há céu acima de mim? Estarão outros perdidos como eu por aí? Será isto terra de ninguém? O fim da humanidade? Será isto o limbo? Terei já abandonado a vida?

 

O sol. Tenho saudades do sol. E de sorrisos. E das árvores verdes. Tenho saudades de lagos azuis. Tenho saudades de laranjas. E de morangos vermelhos. Tenho saudades de margaridas brancas. E também das madressilvas pérolas. Tenho saudades da terra e do fogo e da água e do ar. Tenho saudades da lua. Tenho saudades da vida. Tenho saudades de ti. 

 

 



publicado por magnolia às 16:12
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Quarta-feira, 18 de Maio de 2011
Não te deixarei fugir outra vez...


 


 imagem retirada da net


 


Deixei-te fugir numa destas tardes primaveris em que o sol ameaçava já desmaiar por força do adiantado das horas. Saíste do meu peito num bater de asas suave, deixando no ar um cheiro de saudades e rosas. Depois vi-te voar em direcção ao céu azul matizado de cores pastel. Brincaste por momentos no cabo de alta tensão e depois, misturado entre andorinhas de peito branco e asas negras, desapareceste do meu ângulo de visão.


 


Sentei-me então na beira da estrada, um pouco vazia e perdida, olhando o céu na esperança de que não demorasses muito a voltar. O frio que me entrou pelos pés e me percorreu as pernas por dentro, demorou muito pouco a chegar ao ventre e depois de um breve momento de hesitação, chegou ao peito. Esse, vazio, fazia eco quando pensava no teu nome. Depois o frio cortante tornou-se vento e quando se fundiu com o eco, o barulho tornou-se ensurdecedor.


 


Depois, como se tivesse caído uma chuvada de Verão que lava a terra e as plantas e os beirais das casas e deixa tudo num silêncio dormente, fiquei em paz. Nenhuma inquietação, nenhum suspiro profundo, nenhum tremor de lábios entreabertos, nenhuma dor por detrás do esterno. Apenas o silêncio dentro do meu corpo. Nem o sangue a correr nas veias se fazia ouvir. Nada.


 


Depois daquilo que me pareceu ser uma eternidade, voltaste, e contigo as sensações antigas em catadupa. A inquietação voltou. Os suspiros voltaram. As tremuras nos lábios voltaram. A dor por detrás do esterno voltou. E com tudo isso o teu rosto também voltou a habitar o meu peito e trouxe dentro dele o teu sorriso e dentro do teu sorriso a certeza de que nunca amarei mais ninguém tão intensamente.


 


Lembrei-me então da fita que trazia no meu cabelo farto e com ela fiz um laço e prendi-te então ao braço. Não te deixarei fugir outra vez.  


 


Cláudia M.



publicado por magnolia às 17:34
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Segunda-feira, 16 de Maio de 2011
Truque

 

 

Imagem retirada da net

 

Há coisas que não se devem fazer quando se está sozinho, vulgo, celibatário involuntário. Uma delas é ir caminhar à beira-mar com um pôr-do-sol fantástico! Muito menos ir atrás de um casal que caminha abraçado, sem pressas, aproveitando a companhia um do outro e a beleza da paisagem.

 

O resultado desta combinação é uma grande tristeza que começa algures dentro do peito, sobe até á cabeça e depois desce até à garganta e forma um soluço que mal deixa respirar. Por vezes também passa pelos sacos lacrimais e obriga-os a abrir as comportas...

 

O truque é ir buscar aquele caderno imaginário onde anotei todas as razões que me levaram a terminar relacionamentos, inclusive os que me levaram a ser uma mulher divorciada, ler e reler e tornar a reler...

 

E... voilá! Resulta sempre:)

 

 



publicado por magnolia às 12:15
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Segunda-feira, 1 de Novembro de 2010
Estado Doloroso


imagem retirada da net


 


 


Dói-me tudo.


A pele. Os músculos. Os vasos sanguíneos. Os ossos.


O estômago. Os pulmões. O cérebro. O coração.


Dói-me tudo.


Não há nenhum centímetro de corpo que não me doa por causa de ti.


E dói tanto, tanto, tanto…


Apetece-me gritar! Gritar sons e interjeições e palavras sem sentido!


Gritar apenas!


Não dizer coisa com coisa porque não há palavras para dizer.


Nenhuma palavra pode dizer tudo o que sinto…


Nem muitas palavras podem dizer o que sinto…


Apenas a dor lancinante no corpo.


Na minha cara um esgar, um espelho da minha alma profundamente magoada.


O meu corpo contorcido pela dor. A minha pele, quente, febril.


Dói-me tudo.


A alma, sobretudo dói-me a alma que não sei sequer onde vive.


Não sei se na pele, se nos músculos, se nos ossos.


Não sei onde vive a minha alma e por isso dói-me tudo. Cada pedacinho do meu corpo…


Dói-me tudo porque não posso olhar para os teus olhos com os meus olhos.


Não posso sentir a pele quente do teu corpo na pele das minhas mãos.


E também não posso sentir os teus lábios húmidos com os meus lábios.


Não posso sentir o teu corpo dentro do meu abraço.


Dói-me na carne a dor imensa da saudade.


E a cada hora que passa dói mais e mais, mais profundamente.


Dói-me tudo e não há como matar esta dor.


Antes a dor me matará a mim…


 


 


Cláudia Moreira





publicado por magnolia às 23:22
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Quarta-feira, 22 de Setembro de 2010
Precisei...


 


 


Precisei de um sorriso rasgado


Precisei de uma lágrima sincera


Precisei de um abraço apertado


Precisei de uma mão atenta


Precisei de um beijo apaixonado


Precisei de uma palavra feita de amor...


 


... mas tudo o que encontrei foi o vazio frio e silencioso da solidão....



publicado por magnolia às 23:12
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Domingo, 4 de Abril de 2010
Distância dolorosa


imagem retirada da net


 


 


 


Estás tão perto de mim


Tão próximo o teu rosto do meu


Apenas uns escassos centimrtros


E os meus lábios pousariam nos teus


No entanto


Um  gigantesco  mar  feito de diferenças


Nos separa


A maior, o amor


Que te dedico


E que não vês


Como podes tu não ver um amor tão grande assim?


Que se ergue agigantado no meu olhar


Que se mostra inteiro, nu, no meu sorriso


Que leva tanta ternura em cada letra de um olá apenas murmurado…


Estás tão perto de mim mas tão longe


Como se um imenso mar nos separasse


No entanto


Se eu estender a mão posso sentir o teu rosto


Imensamente belo nos meus dedos ansiosos.


Gosto de ti. Sim, gosto de ti e isso dói.


 


 



publicado por magnolia às 00:52
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Segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2010
Hoje...


imagem retirada da net


 


 


Hoje não consigo parar de chorar


Não consigo que as lágrimas parem de me correr pela cara


Inchando os meus olhos, a minha pele e todo o meu ser…


Tenho uma dor dentro do peito


Uma dor que me magoa imensamente


Uma dor tão grande como se uma tenaz me apertasse uma perna


Ou um braço


Como se me rasgassem a pele sem pena


Como se me esburacassem o peito com uma faca afiada


Hoje não consigo parar de chorar


Como se não fosse mais possível sorrir


Como se tivesse desaprendido de ser feliz


Como se essa possibilidade me fosse vedada para todo o sempre


Hoje não consigo parar de chorar


Queria correr, correr sem parar


Sem destino, correr até já não conseguir sentir-me


Até estar tão cansada que não seja capaz de chorar


Só queria parar de chorar…


Só queria parar de chorar…


Só queria parar de chorar…


Só queria parar de pensar…


 


 


 


 



publicado por magnolia às 00:23
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Domingo, 14 de Fevereiro de 2010
Porquê

 


imagem retirada da net


 





Perguntei ao peixinho que nada no mar


E também a uma solitária margarida


Perguntei a uma gaivota que aqui vi passar


E perguntei ainda a uma libelinha no campo perdida


Depois perguntei ao grande carvalho


E também ao cacto do deserto


E a uma rosa coberta de orvalho


E também ao gato que estava mais perto


Perguntei a todos os seres vivos do mundo


Mas o mais que consegui ouvir


Foi um silencio pesado e profundo


Que não me fez desistir


Perguntei então a um grão de areia


E também à estrela mais brilhante


Perguntei à pedra mais dura e mais feia


E ao mais belo e puro diamante


Perguntei então ao imenso planeta Terra


A Vénus, Saturno, Marte e também ao sol ardente


E ao cosmos inteiro que tantos mistérios encerra


pedi por favor,  respondam-me urgente


Mas até então ninguém me soube responder


Uma mentira por piedade ou apenas a verdade


Preciso mesmo de saber


Para acabar com a ansiedade


Preciso mesmo de saber


Porque me sinto tão só...


 


 



publicado por magnolia às 02:28
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Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 2010
sucumbi

 


 


 



Nos meus olhos cansados pousaste os teus


Tremi 


Não de frio nem de medo, mas de dor


Por saber que neles já não via nenhum amor


Chorei


Mas de coragem e arte o meu peito enchi


E os olhos sedentos para ti eu ergui


Doeu


Ver-te voltar as costas sem olhar para trás


Não sei como de ficar de pé fui capaz


Sofri


Mas não fui capaz de dali arredar pé


Embora no meu peito não houvesse mais fé


Fiquei


Mais morta que viva e muito dorida


De corpo fraco e cansado e alma perdida


Gritei


No silêncio perfeito do meu peito cansado


O grito ali ficou para sempre abafado


Sucumbi


E então, meu corpo tombou no chão finalmente


E o silêncio da morte chegou inclemente…


 


 



 



publicado por magnolia às 17:48
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Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 2010
azul perfeito...

 



imagem retirada da net


 


 


no imenso oceano azul perfeito


 





 


dos teus profundos olhos naveguei


 


e depois, em sonhos, no teu cálido peito


 


dessa longa viagem descansei...


 






 


embala-me agora no teu colo com doçura


 


deixa-me ser tua por breves momentos


 


deixa que nas tuas mãos leves de candura


 


eu guarde todos estes sentimentos...


 






 


ah! estes sentimentos que um dia ousaram nascer


 


desabrochar na minha alma antes serena


 


e depois nunca mais os pude conter


 


dentro desta minha alma demasiado pequena...


 






 


foi nos teus olhos que me apaixonei


 


seduzida por esse imenso azul celeste


 


e dos teus lábios que eu nunca beijei


 


ouvi palavras doces que nunca disseste...


 






 


deixa-me ser tua por breves instantes


 


abre a tua alma à minha alma cansada


 


seremos amigos, seremos amantes


 


e por breves segundos sentir-me-ei amada...


 



publicado por magnolia às 00:56
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...e mais ainda...
Cláudia Moreira

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