Não te deixo ir embora assim facilmente
Não quero que partas para longe dos meus olhos
Mas se um dia tiver mesmo que ser
Deves deixar comigo um pedacinho de ti
Porque, na verdade,
Também levas contigo um pedacinho de mim…
O último abraço será mais demorado
Porque quero decorar a forma do teu abraço
E o último olhar também será mais demorado
Porque quero reter a forma do teu rosto
E deves dizer algo, não importa sequer o quê
Porque preciso gravar o som da tua voz…
Não quero que partas para longe dos meus olhos
Mas se um dia tiver mesmo que ser,
Não digas adeus
Diz antes que voltarás um dia
Para buscar o pedacinho de ti que deixaste em mim
Se for verdade, hei-de ser feliz depois
Se não for verdade não serei tão infeliz agora…
Não quero que partas…
cláudia moreira
imagem retirada da net
O fim de tarde, mais uma vez pintado em tons de cinza
Recebe-me ventoso e frio. Sei que o sol está lá
Mas não o vejo, apenas o adivinho perdido entre as nuvens
As gaivotas amontoam-se na areia molhada pelas ondas
Que quebram na areia, coberta de pequenas conchas e búzios
Saltitam e soltam gritinhos estridentes e incessantes
É sinal de tormenta em alto mar…
Se no meu coração morassem gaivotas
Também estariam todas no areal
Porque dentro de mim existem mares de lágrimas
E soluços capazes de desencadear tsunamis
E no vazio do meu peito o ar corre, veloz
E destrói à sua passagem o que ainda resta de nós
E dos sonhos que sonhei algures no passado…
Aos poucos, com a passagem do tempo
A tormenta há-de acalmar e as águas hão-de serenar
E então, depois desse dia
Dentro de mim as gaivotas voltarão a cruzar os céus
E de asas abertas, irão planar em liberdade, sem pressa
O sol brilhará alto no céu e nos meus lábios
Desenhar-se-á, por fim, um sorriso cálido de Verão…
Cláudia Moreira
imagem retirada da net
Deixei-te fugir numa destas tardes primaveris em que o sol ameaçava já desmaiar por força do adiantado das horas. Saíste do meu peito num bater de asas suave, deixando no ar um cheiro de saudades e rosas. Depois vi-te voar em direcção ao céu azul matizado de cores pastel. Brincaste por momentos no cabo de alta tensão e depois, misturado entre andorinhas de peito branco e asas negras, desapareceste do meu ângulo de visão.
Sentei-me então na beira da estrada, um pouco vazia e perdida, olhando o céu na esperança de que não demorasses muito a voltar. O frio que me entrou pelos pés e me percorreu as pernas por dentro, demorou muito pouco a chegar ao ventre e depois de um breve momento de hesitação, chegou ao peito. Esse, vazio, fazia eco quando pensava no teu nome. Depois o frio cortante tornou-se vento e quando se fundiu com o eco, o barulho tornou-se ensurdecedor.
Depois, como se tivesse caído uma chuvada de Verão que lava a terra e as plantas e os beirais das casas e deixa tudo num silêncio dormente, fiquei em paz. Nenhuma inquietação, nenhum suspiro profundo, nenhum tremor de lábios entreabertos, nenhuma dor por detrás do esterno. Apenas o silêncio dentro do meu corpo. Nem o sangue a correr nas veias se fazia ouvir. Nada.
Depois daquilo que me pareceu ser uma eternidade, voltaste, e contigo as sensações antigas em catadupa. A inquietação voltou. Os suspiros voltaram. As tremuras nos lábios voltaram. A dor por detrás do esterno voltou. E com tudo isso o teu rosto também voltou a habitar o meu peito e trouxe dentro dele o teu sorriso e dentro do teu sorriso a certeza de que nunca amarei mais ninguém tão intensamente.
Lembrei-me então da fita que trazia no meu cabelo farto e com ela fiz um laço e prendi-te então ao braço. Não te deixarei fugir outra vez.
Cláudia M.
Mendigo o teu sorriso claro…
Mendigo-o para que ilumine o meu dia.
Mas apenas a cor cinza cobre a vida à minha volta.
Depois peço encarecidamente o brilho dos teus olhos…
Para que fique preso nos meus.
Mas não o sinto, não o vejo.
Mendigo o calor das tuas mãos…
E estendo as minhas na tua direcção e espero…
Mas espero em vão.
Pergunto-te no meu coração se pensas em mim…
Mas apenas recebo um silêncio rotundo, desconfortável.
Depois, dentro de mim a certeza de que não me vês.
Sou transparente, talvez feita de vidro, talvez feita de ar.
Sou uma mendiga…
Sou uma mendiga de beira de estrada…
Igual a qualquer mendigo que pede esmola num passeio de rua.
Mendigo e estendo as mãos e escondo o olhar tímido.
Sou uma mendiga da tua atenção.
Mendigo um pouco de ti na beira da tua estrada.
E espero.
Em vão. Espero sempre em vão.
Cláudia M.
Dou por mim a resistir à verdade violentamente. Não quero aceitar que já não acredito nos sentimentos dos homens. Digo que sim, que são capazes de amar incondicionalmente, mas não acredito. No dia a dia, o primeiro pensamento, aquele que nunca, mas nunca, consigo controlar, é de pura desconfiança. Não quero sentir assim. Não quero pensar assim. Dói que o meu coração contradiga a minha razão. Quando alguém se casa, penso no para quê que o vão fazer se vai acabar em divórcio? Quando vejo casais consolidados, já mais velhos, penso que estão juntos por obrigação e penso com mágoa que ele já não a mima, não a respeita, não a ouve, não faz amor com ela e que vivem uma vida feita de rotinas, deveres e obrigações.
Talvez seja pelo elevado número de mulheres divorciadas que conheço. Talvez seja pelas histórias dolorosas que me contam as mulheres cujos sonhos de felicidade foram defraudados, mães que arcam com a responsabilidade de criar filhos sozinhas, mulheres maltratadas fisica e psicologicamente pelos mesmos homens que as juraram amar e respeitar para sempre.
O desencanto instalou-se no meu espirito frágil. Os meu próprios problemas mutilaram para sempre a minha confiança nos sentimentos alheios. A minha capacidade de acreditar que o amor existe, que o respeito existe, que a partilha é possivel, tudo isso ficou perdido algures num passado muito distante. A minha própria história fez de mim uma mulher pessimista, amarga, triste, mal-amada dirá quem me lê. Não sei contar com mais ninguém que não seja eu. Não consigo acreditar que alguém consiga nutrir sentimentos reais e sinceros por mim.
Serei capaz de mudar estes sentimentos? Não sei. O que sei é que fico tão enternecida quanto triste quando vejo um casal jovem ou menos jovem em que ele lhe dá um beijo terno e ela sorri como se nada mais existisse além daquele momento... que só me apetece chorar.
imagem retirada da net
Por vezes as lágrimas não pedem licença, avançam pelo rosto, chegam ao queixo e despenham-se no abismo. São salgadas, sinto-as quando passam suavemente nos meus lábios entreabertos. O rímel desfaz-se e torna o meu rosto estranho, como se não pertencesse a este mundo. Podia ser um rosto perdido num filme de terror de quinta categoria. Mas em vez disso é um rosto cansado de alguém que não sente que a vida é capaz de lhe reconhecer o direito à felicidade.
O tempo passa inexoravelmente e e deixa marcas no meu rosto, nas minhas mãos, mas essencialmente na minha alma sedenta. O tempo passa. O tempo passa sem retorno. O tempo passa e a vida passa e eu sinto-me a esvair-me. Os sentimentos, esses prodigiosos acessórios com que nos brindaram ao nascer, fazem-me infeliz. Cada dia mais.... Seria bom poder deixar de sentir a vida tão intensamente, Seria bom se pudesse apenas viver, ligeiramente anestesiada, um dia após outro, sem sobressaltos. Sem desejos intensos, sem necessidades extremas.
É tarde......mas é quando sinto tudo mais intensa e dolorosamente....
Um desabafo.....preciso de os deitar cá para fora como pão para a boca....
A minha amiga Dulce mandou-me este video e eu não resisto a colocá-lo aqui para que todos o possam ver também. A mim tocou-me profundamente....
Se o que apetece é ver um filme onde o amor é a nota sonante, então vejam este filme lindissimo, passado entre paisagens lindissimas....eu chorei...mas pronto, eu sou uma chorona, não é?
Sinopse:
Kitty sente-se prisioneira de um casamento infeliz e de um estilo de vida que está longe de ser aquele com que sempre sonhou. Sem que tivesse obtido a notoriedade social que desejava e afastada do seu país e da família devido à profissão do marido – bacteriologista destacado para Hong Kong –, a jovem acaba por encontrar algum consolo numa relação extraconjugal. Mas a traição acaba por ser descoberta pelo marido, que leva a cabo uma estranha e terrível vingança… Em O Véu Pintado, Somerset Maugham faz, através da história do acordar espiritual da adorável e fútil Kitty Fane, uma extraordinária caracterização da presença britânica na China e apresenta-nos, como é seu apanágio, uma admirável galeria de personagens
imagem retirada da net
Olho o céu de negro toldado
Sinto-me só, triste, angustiada
Na garganta um nó apertado
Pela tua ausência prolongada
Vejo as escuras ondas altas do mar
É como se estivessem dentro de mim
Querendo tudo destruir ao passar
Num ir e vir sem nunca ter fim
Sinto a brisa que passa ligeira
Cheirando a sonhos e maresia
Envolvendo-me toda, inteira
Como em outros dias de alegria
Estou triste, não nego a verdade
E já não sei o que fazer ou dizer
Para acabar com esta ansiedade
Que sinto em mim por não te ter
Tantos sonhos que desapareceram
Coisas que foram ficando para trás
Desejos que tive e que morreram
E de sonhar já não me sinto capaz
Olho o céu que ameaça tempestade
E sinto-o igual ao meu coração
Que transborda de saudade
De negrume e desolação
É triste, a solidão é muito triste
E é um vazio difícil de preencher
Receita para a solidão não existe
Já não sei que mais hei-de fazer…
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi