Às vezes olhamos um objecto e parece-nos uma pedra. Mas será efectivamente uma pedra? Pode ser uma esponja, um coral, um acrílico, pode ser muitas coisas. Na verdade, antes de lhe tocarmos e sentirmos a textura, chegarmos o objecto próximo do nariz para saber se tem cheiro, antes de apertarmos para sentir a sua dureza, antes de a olharmos bem de perto, não podemos dizer que é realmente uma pedra. Com as pessoas é igual. Nuca podemos julgar as pessoas antes de as conhecermos a fundo, antes de estarmos próximos, de lhe vermos a alma, e mesmo assim, mesmo assim, arriscamo-nos a fazer julgamentos errados.
Eu tento nunca fazer nenhum tipo de julgamento. Na vida tenho visto tantos casos que parecem uma coisa e depois se revelam outra bem diferente. Mesmo sabendo que não somos ninguém para julgar ninguém, nós seres humanos, caímos sempre nessa tentação e por isso mesmo, eu tento sempre contrariar essa tendência, porque assim como não gosto que me julguem também eu não devo julgar ninguém. Este assunto, tal como as injustiças da vida, mexe muito comigo, porque sofro sempre bastante com a opinião de terceiros. Lembrei-me de escrever sobre isto quando ontem o meu amigo Kiko me deixou um comentário sobre o meu post “Tornado” a dizer que derrapagem financeira e Rock in Rio não combinam.
É verdade, com a crise que anda por aí, as duas coisas não combinam. Neste caso, a minha irmã ganhou dois bilhetes e deu-me um, e vou de boleia, logo não vou gastar quase nada. Mas eu fiquei a pensar… eu trabalho tanto, esforço-me tanto. Não seria justo de vez em quando eu fazer algo que goste? Gastar algum comigo? Mesmo que depois tivesse que fazer algum esforço extra? Seria condenável? Eu não acho que seja condenável. Uma pessoa que trabalha 7 dias por semana, as vezes mais de 70 horas por semana, cuida da casa e dos filhos sozinha não merece uma recompensa? E que não trabalhasse tanto e mesmo assim sentisse vontade de fazer algo que goste, era condenável? Temos o direito que julgar assim? Não temos. Não tenho, e acho que ninguém tem. Cada um sabe de si, cada um sabe da sua vida, das suas necessidades, dos sonhos, das coisas que sente que não pode deixar passar.
As vezes penso nisto quando vejo as pessoas a olhar para mim e as imagino a tecer considerações (algumas tenho a certeza porque acabo por saber por vias travessas). Fico triste com elas pelos pensamentos negativos e zangada comigo por dar a entender que a vida está difícil, por dizer que tenho necessidade de trabalhar ao fim de semana, por mostrar as minhas fragilidades. Sei que há quem pense que a Ana esta na dança e eu não tenho dinheiro, mas é a minha mãe que esta a pagar, as mensalidades foram a prenda de anos dela, vou ao rock in rio, mas foi a minha irmã que me deu o bilhete, tenho vários pares de sapatos, mas são “herdados” de uma prima que vive melhor que eu e anda duas vezes e dá, ando de carro, mas estou a pagar como toda a gente e desde que pague não vejo porque tenha que andar a pé….São exemplos. Apenas isso. Mas que mostram bem, que às vezes o que reluz não é ouro, é apenas aparência. E devemos sempre ter cuidado com os nossos pensamentos, palavras e actos para não magoar ninguém…
Saiu um pouco em tom de discurso, mas hoje foi o que saiu…
(Imagem retirada da net)
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi