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...o meu filho, aficionado das novas tecnologias ( pc, ps2, tlm, mp3, e outras siglas), depois de o ter mandado sair do pc pela 50ª vez:
- Mãe, não percebo, o que é que vocês faziam quando não havia pc????
E pronto, o meu filho não faz ideia do quanto era bom brincar na rua livremente, fazer bolinhos de lama, inventar batalhas entre índios, construir cabanas nos pinhais, ajudar a fazer doce de tomate, ficar a ouvir o fogo crepitar nas longas noites de inverno, ler horas a fio, correr pelos campos repletos de pampilhos, jogar as escondidas no milho alto ou tomar banho em dias de calor insuportável nos sistemas de rega....
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Tenho 34 anos, mas raramente me lembro. Regra geral apesar do corre-corre dos dias e de dizer muitas vezes que o tempo passa a voar, a verdade é que parece que ainda ontem sai dos bancos da escola. Passo os dias distraída com os filhos, a casa, os trabalhos, os problemas e nem dou conta que o tempo passa e vai deixando marcas no corpo e na alma. Cada lágrima que cai, vai traçando sulcos no coração, cada mágoa acrescenta mais uma ruga na alma. Cada susto nos branqueia mais um cabelo. Cada sorriso, cada abraço, cada beijo nos acrescenta mais uma boa memória ao nosso baú de recordações. Pequenas coisas que vão fazendo a nossa historia.
Tenho 34 anos e já tenho uma vida cheia! Muitas historias para contar recheadas de peripécias, lágrimas e sorrisos. Tenho alguns cabelos brancos que teimam em se fazer notar. Uns quilinhos a mais, bochechas mais pronunciadas, canso-me mais facilmente, mostrando-me que já não sou uma menina. Mesmo assim, nunca me lembro disso, continuo a olhar o mundo com olhos de gaiata com todos os sonhos por cumprir. Sinto vontade de fazer coisas como sentia aos 18 anos, de sair a noite, de dançar, de aprender coisas novas, de viajar.
Tenho 34 anos mas não me sinto diferente dos miúdos jovens. Olho para eles e sinto-me uma igual. Só depois de ver os olhares que me deitam como se estivesse ali a ver um alien, é que me apercebo que eles não me vêem assim! Vêem-me com a idade que realmente tenho, vêem uma mulher mais velha, com idade para ser mãe ou irmã muito mais velha. Há algumas coisas que de repente, em flashes milagrosos me fazem assentar os pés no chão, como por exemplo o meu filho ter já a minha altura, ou seja 1,73 e andar de braço dados com as miúdas teens lá da escola, o meu sobrinho de sete anos me chamar sempre Tia Lau e me fazer lembrar que quando eu chamava tias as minhas tias, via-as sempre como umas senhoras mais velhas, quando ouço alguém referir-se a irmã mais velha como uma pessoa realmente mais velha e atitudes de pessoa mais velha e me lembro que eu também sou a mais velha! Como por exemplo quando me lembro da minha mãe aos trinta e achar que ela nessa altura estava já numa segunda idade, um patamar acima de jovem e eu agora me encontrar exactamente na mesma situação! Ou então quando me dizem que só mesmo uma mãezinha dona de casa é que sabe fazer pataniscas!
Enfim, eu podia continuar, mas já deu para perceber a ideia. Não me sinto com a idade que tenho até alguém me fazer lembrar... E há um tipo que volta e meia me atira com um balde agua fria: um tal de Sr. Espelho!!
Magnólia
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Movo os pés, as mãos, olho, toco, como, trabalho, vivo. Vivo? Sobrevivo. Mecanicamente sou mulher, sou mãe , sou trabalhadora, sou estudante, sou irmã, sou filha, sou amiga. O tempo passa inexorável sem que eu me aperceba, deixando marcas no meu rosto, no meu corpo. Tenho 34 anos, mas sinto-me com todas as idades menos a minha. As vezes sinto-me cansada, desalentada, como se já tivessem passado por mim 100 anos e me fosse difícil mover os membros. Como se tudo o que já passei na vida pesasse toneladas, como se a tristeza tivesse vindo para ficar, a solidão que se instala depois dos filhos criados se tivesse apoderado de mim, como se soubesse que o fim está próximo . Outras vezes sinto palpitar dentro de mim a miúda rebelde que gosta de usar anéis no polegar, vestir toda de preto e ir a concertos cool . Tem dias que me olho no espelho e não sei a minha idade, não sei quem sou. Tenho sonhos por cumprir, dos quais já abdiquei, pela perda dos quais já me conformei. A vida tem destas coisas. Condiciona-nos. Mas não me importo, porque o principal motivo porque estou condicionada são os meus filhos. É por eles que vivo, que luto, que travo estas batalhas com os problemas da vida. São eles que me dão forças para continuar sempre... também são eles que me fazem sentir velhota, e são eles que me fazem sentir viva, nos momentos em que acordo da azafama e os olho com olhos de ver. Olho-me ao espelho e não me reconheço. Não me lembro de quem fui no passado e também não sei quem vou ser no futuro. Por fora, sei o que vêem em mim. Uma mulher mãe -trabalhadora-divorciada-34 anos-responsavel-sensata Por dentro sou um mar de emoções contraditórias em luta constante. Estou em busca de algo que não existe: a paz de espírito . Preciso dessa paz. Dentro de mim existem duvidas que jamais terão resposta. Viver nesta sociedade castradora também não ajuda nada, obriga-nos a ser o politicamente correctos para sermos aceites. E eu já infringi uma das regras: sou divorciada.
São tantas as duvidas que me assaltam....como eu gostava de ter respostas...
Hoje vinha de carro e parei num semaforo vermelho. Olhei pelo espelho enquanto esperava e a luz de um inicio de tarde primaveril foi reveladora: cabelos brancos que brilham! Meu Deus, o meu filhote tem razão: estou cota!!!!!
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi