devolvi a gramática à estante.
depois,
em escassos segundos desenhei um poema.
poucas palavras embrulhadas em ternura.
sem ligar à geometria dos versos mandei-to entregar.
imaginei o teu sorriso franco e o meu peito ficou mais quente.
então nesse instante o mundo pareceu-me um lugar melhor.
cláudia moreira
fotografia retirada da net
é a última folha e solta-se do ramo mais alto que um dia a fez folha.
desde a última primavera que eram inseparáveis, ramo e folha.
agora, solta de sua mãe, desce, num voo sereno, bailando até ao chão atapetado de outras folhas, que depois o vento se há-de encarregar de levar para longe.
os pássaros,esses, já muito antes tinham partido, num frenesim de mil asas a voar para o sul.
e a árvore ficou.
porque é o destino das árvores ficar.
as raizes que a prendem ao chão e a fazem segura para lá viverem as folhas, os frutos, os pássaros, os bichos-de-conta, as aranhas e ainda muitos outros seres que fazem dela refúgio, tambem a prendem a um destino muito próprio.
o de ficar. o de ficar sempre no mesmo lugar.
olho-a longamente e imagino-a triste por estar presa ao chão e não poder viajar como os pássaros e as folhas, correr mundo.
por não poder fugir para onde não há chuva nem frio, assim como os pássaros que ali passaram o verão.
fico ali à janela, porque a chuva me prende em casa.
olho a árvore muito tempo, tanto tempo que a chuva passou e depois voltou e o dia entardeceu.
afinal a árvore não está triste.
a árvore não está triste.
é uma certeza que tenho de repente. uma epifania se calhar.
a árvore tem uma função precisa e rigorosa.
está só à espera da próxima primavera para abrigar novas folhas e frutos.
e pássaros que farão novamente um terrivel chinfrim ali na rua.
e ainda os cães e gatos e os velhinhos parados na sua sombra.
até lá.
até lá eu vejo os seus braços de madeira erguidos no ar, balançando-se suavemente, devagarinho, numa dança só sua, feliz, tranquila, sentido a agua da chuva escorrendo pela sua pele rugosa, saboreando com prazer a frescura das manhãs, descansando no silêncio que habita ali agora.
afinal a árvore está feliz.
nenhuma impaciência, nenhuma solidão atormenta a sua alma de árvore.
ela sabe com precisão qual é a sua missão no mundo.
isso basta.
cláudia moreira
= -19 kgs
imagem retirada da net
Tem certos dias em que acordo com a sensação de que a felicidade existe algures, perdida por aí, e está apenas à espera que eu a encontre e nestes dias também acredito que o mundo me pertence! É nestes dias que fico com coceira na ponta dos dedos e me apetece escrever tudo o que habitualmente deixo bem guardado na minha cabeça. É nestes dias que acredito que um dia alguém vai descobrir o meu imenso talento, publicar-me e vou ser, além de um sucesso de vendas, uma daquelas pessoas que depois de morrer toda a gente sabe quem foi, porque leu alguma coisa que lhe tocou no coração...
Depois tem os outros dias. Aqueles em que deixo o processador de texto fechado, os dedos quietos e nenhuma das palavras com as quais formo as ideias e que me passam pela mente me parece suficientemente boa para merecer sair cá para fora. Também é nestes dias que ando triste e penso que acabarei os meus dias longe das letras por não ser merecedora delas. Nesse futuro tenebroso, os livros ficarão apenas na estante e farão parte do passado e eu já não terei vontade de os ler porque me hão-de transcender...
Apetece-me sempre chorar. Apetece-me sempre chorar quando penso nisso. E também me apetece chorar por perceber que jamais serei capaz de ler todos os livros que gostaria de ler, porque só tenho uma vida. É estranho este pensamento tão paradoxal. Por um lado tenho receio de acabar longe dos livros e por outro sofro por pensar que jamais terei tempo de ler todos os livros que valem a pena ser lidos.
Depois os dias bons voltam. E depois fico feliz por ter tido a sorte de poder ter lido todos os livros que já li. Depois também fico feliz porque já conheci alguns escritores que admiro muito. Depois também fico feliz porque eu própria já pude ver o meu nome num livro (sendo ou não alguma coisa de jeito, note-se). Depois também fico feliz por ter nascido num tempo em que já todos sabemos ler e escrever e por ter acesso aos livros e por ter acesso a um lápis e a papel e a um computador que me dão acesso à escrita.
Talvez o que precise mesmo é de escrever esta verdade em letras muito gordas, numa folha de papel gigante e colar a folha no tecto do meu quarto. Assim quando acordar será a primeira coisa que vejo!! Isto evitará de certezinha absoluta (passe a redundância) os dias maus. Am I right?
Eu era muita gira e fashion ou quê??????
(a minha mãe garante que eu era a mais gira das redondezas)
imagem retirada da net
Há muito tempo que não escrevo como gosto por aqui....falta de tempo, mas sobretudo falta de vontade de contar que me sinto em baixo. Não me apetece que os meus leitores (pouquinhos, mas bons!) se cansem de mim pelo teor negativo da minha escrita.... No entanto, hoje, preciso de uma palavra amiga. Sinto-me triste e cansada. Não sei por quanto tempo mais vou ser capaz de fazer de conta que sou a super-mulher. É apenas uma máscara. Por dentro sou de carne e osso e sofro.
...não sei se repararam mas....o meu nome é o único que não tem um Dr atrás!!! Estou em desvantagem numérica... ai, ai...
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi