Esta manhã ao entrar no NetBanco percebi que tinha pago mais 105,00€ da prestação da casa e fiquei sem chão. O dinheiro é sempre curto, mas em Setembro é preciso ser artista de circo para conseguir comer até ao fim do mês. Agora já nem sei como vai ser. A consulta no dentista que tinha marcado para mim terá que ser adiada e vamos ter que ser muito (mesmo muito) comedidos nos gastos.
Isto já não devia mexer com o meu sistema nervoso, uma vez que a minha vida nunca foi fácil. Mas mexe. E muito. E não sei como aguentar muito mais tempo esta vida de nunca saber se vou conseguir pagar as contas todas, manter dois empregos e apertar o cinto até ser quase impossivel respirar. E estou exausta.
A casa está à venda. Quase não compramos roupas e a comida é comprada quase de forma racionada. As idas ao cinema são raras e as festas (como a beach party) só com convite. Os miudos tem direito a gelado em dia de praia e um carregamento de telemovel por mês. Não sei que mais posso fazer poupar. Vivemos com o conforto minimo exigido para qualquer ser humano. É pedir muito que o possamos manter??
E pelo segundo ano consecutivo não tive aumento....:(
Agora sei que muitos pensarão que há quem esteja pior....Eu sei, eu sei que há, e nunca deixo de pensar nisso. Mas cada um sente as suas dores...e há momentos que me sinto cansada da luta diária e me apetece desabafar...
...uma barata tonta!!!
Mais morta que viva! Não se admirem se um dia vos chegar o convite para o funeral!!!!! :P
...days non-stop and counting...
São 3h23 am e cheguei agora a casa. O dia foi duro... Demasiado. Trabalhei dezoito horas seguidas a um Domingo que deveria ser um dia de descanso, de estar com a familia, de arejar ideias. Em vez de tudo isso, não vi a luz do dia todo o dia, o carro avariou de manhã, ainda tive que fazer 2 kms a pé de trouxas às costas, camisa preta no cabine como se estivesse a fugir de casa. Na décima oitava hora de trabalho, quando já nem me aguento em pé, o músico fantástico lembra-se de nos chamar para dançar... Ainda dei umas voltas nos braços dum desconhecido que já tinha bebido demais. O artista estava entusiasmado e cantou doze ultimas músicas.
À saida o nevoeiro era tanto que de repente me senti engolida por um mundo paralelo. Que estranha a madrugada solitária e silenciosa cheia de nevoeiro. Parece que avançamos num mundo em que não existe mais nada nem ninguém. Não vês mais nada além de ti. Senti-me só.
Quando abri a porta de casa ouvi um galo cantar.
Não sei porquê, mas de repente as lágrimas saltam dos meus olhos e não as consigo conter...
São 4h08 am...
imagem retirada da net
…já passaram mais de vinte anos desde o meu primeiro dia de trabalho…
Um dia destes ia eu pela rua fora, muito compenetrada nos meus pensamentos como habitualmente ando, mãos nos bolsos do casaco e a olhar para chão, tão compenetrada que tantas e tantas vezes deixo passar sem cumprimentar pessoas para quem olho, mas na verdade não vejo, e me dou conta com surpresa, que já se passaram vinte anos…
Tinha apenas catorze anos quando entrei no duro mercado de trabalho. Lembrei-me porque estava a pensar que tinha sido em Julho de 1988, exactamente dois dias depois de ter terminado o nono ano que comecei a trabalhar a servir cafés, bolos e tostas mistas. 1998 até 2008 são vinte anos…mesmo para quem nada entende da matemática…
Era um emprego de verão, mas eu sabia que não voltaria a escola, pelo menos de dia. Por isso três meses depois já estava a entrar no segundo, depois o terceiro, durante meio ano andei a experimentar coisas, até que um dia de fui trabalhar para uma empresa como telefonista e foi assim que comecei esta profissão de empregada de escritório. Durante uns meses atendi telefone, fiz chamadas, não me deixavam limar as unhas nem falar horas e horas com as amigas como se vê nos filmes, mas eu até gostava. Pratiquei o inglês, o francês e até dei um jeito em italiano. Conheci gente gira como só se conhece nos têxteis. Algum tempo depois passei para empregada de escritório e é isso que tenho feito desde então. Não na mesma empresa, porque enquanto lá estava tive um convite para outra empresa que se revelou um erro grave uma vez que a tal empresa foi a falência. Mas isso tudo possibilitou-me vir para esta empresa onde estou fez na sexta-feira catorze anos, sim, sim leram bem, sexta-feira, dia do meu aniversário! Tenho sempre dois aniversários para festejar. Parece impossível que tenha vindo para cá uma menina de vinte e um anos e agora seja uma quase-velhota de trinta e cinco…
E pensando nisto tudo descubro que já estou a meio caminho para a reforma! O tempo passa célere e ainda há tanto que quero fazer, tanto que quero aprender, tanto que quero viver…
Mas por outro lado…depois de tantos anos de luta, que bem que me sabia um descanso prolongado numa qualquer casinha à beira-mar…
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi