[escrevi e postei em 28-04-2011- continua actual e cada dia mais]
Eu não sou economista...
...mas parece-me lógico que:
se baixam ordenados/tiram subsídios natal, etc, baixam o poder de compra do povo;
se baixam o poder de compra do povo, o povo não vai às lojas;
se o povo não vai às lojas, as lojas vendem menos;
se as lojas vendem menos, têm menos lucros ou nenhuns;
se as lojas têm menos lucros ou nenhuns, acabam por fechar;
se acabam por fechar, já não compram materiais às fábricas;
se não compram materiais às fábricas, mais pessoas vão para o fundo de desemprego;
se mais pessoas vão para o fundo de desemprego, mais subsídios de desemprego há a pagar pelo estado;
se há mais subsidios de desemprego a pagar pelo estado, mais dificil se torna gerir as finanças publicas...
mas isto penso eu, que não sou economista e não percebo nadinha de finanças... e se calhar também não muito inteligente...
imagem retirada da net
Ver uma rapariga, pouco mais de uma menina, com um copo na mão e uma garrafa de vodka no outro braço como se o embalasse, empenhada em bebê-la toda com meia dúzia de amigos, deixa-me triste.
Não foi novidade, já antes tinha visto estas situações noutros lugares. Os festivais são profícuos nisso. Se estivermos só um bocadinho atentos, podemos ver os grupos de rapazes e raparigas empenhados em acabar com garrafas de bebidas mais ou menos espirituosas antes de entrar nos recintos dos festivais. Dentro, sabemos que as bebidas são caras, por isso tratam de beber o mais que puderem antes de entrar. Também às portas dos bares e discotecas isso acontece. Jardins públicos e praças de cidades são palco destes cenários para aqueles que têm uma carteira mais magra. Causa-me estranheza que achem porreiro andar com uma garrafa de Coca-Cola cheia de vinho e a partilhem numa promiscuidade de bocas estranhas.
Custa-me muito ver estas coisas e não poder fazer nada. Custa-me ver que precisam de álcool para se conseguirem divertir e custa-me muito ver que estragam a saúde porque é “cool” andar sempre com um copo na mão. Tantos estudantes, alguns com cérebros brilhantes, que se embriagam porque sim e se destroem e destroem a oportunidade de serem brilhantes nos estudos. Tantos jovens que perdem tempo precioso de vida porque passam uma grande parte do tempo anestesiados pelo álcool. Perdem tempo, empregos, saúde, tempo de qualidade com a família, namoradas/os.
Penso no que terão para recordar um dia. Penso naqueles que se perdem nas malhas do álcool e da droga e transformam as suas vidas em infernos na Terra, e que começam assim, por brincadeira inconscientes.
Eu também gosto de beber uma ou outra bebida socialmente. Não sou puritana. E acho que eles com a idade certa também o podem fazer. O que me custa é perceber que os adultos jovens não têm noção do mal que lhe fazem os exageros. Não percebem que não lhes trará nada de bom no futuro.
Tenho filhos e tenho medo. E todos os miúdos são filhos de alguém e tenho medo por esses pais.
Gostava de ter a solução para este problema e não tenho. Talvez a solução esteja dentro da casa de cada um, começando por fomentar melhores relacionamentos familiares. Depois, mais formação cívica e por fim, incutir nos jovens que para uma pessoa se divertir não é preciso este artificio e talvez ocupá-los mais em trabalhos familiares e comunitários.
Mas isto digo eu, a pensar comigo e com os meus botões…
Quando por vezes fico frustrada por não poder ir a certos restaurantes xpto, comprar uma peça de roupa sem ser na boutique cigano ou quando olho para a minha joaninha mais amassada do que uma pandeireta...penso nisto e todas as frustrações desaparecem instantaneamente... façam o mesmo! Pensem nisto e agradeçam pelo que têm, seja pouco ou muito.
foto da minha autoria- vista sobre o Porto - Torre dos Clérigos
Já não é segunda-feira e o ordenado já está na conta, o que é bom mesmo que eu já saiba que não chega a meia missa, tudo por causa dos manuais escolares e as milhentas coisas que é preciso comprar para o início do ano lectivo dos miúdos. O sol fugiu descaradamente e descobri que as minhas mãos estão mesmo mais enrugadas, e não é só a falta de creme hidratante, é mesmo porque estou a ficar velha, mas não faz mal porque a minha amiga M. emprestou-me muitos e bons livros para ler. Dói-me as costas e sinto-me cansada, mas o mais importante é que ontem foi dia de beijos e abraços de filhos lindos e a minha cidade está a ser-me devolvida aos poucos. Não houve aumento pelo quarto ano consecutivo mas tenho bons amigos e para o ano hei-de ir visitar a minha amiga Z. à Polónia e ver as minas de sal e o campo de concentração, mesmo que isso me vá deixar deprimida, o mundo e a História é um todo. O fim-de-semana foi muito bom, aprendi a dizer palavras polacas e vi o Porto da Torre dos Clérigos e agora o gás e a luz vão subir mas isso não me vai deitar abaixo porque não me apetece. Os telemóveis servem para receber mensagens bonitas, mas também para longas conversas complicadas com ex-maridos e isso sim, chateia-me muito. Tenho que ir caminhar para desgastar certos abusos e preciso de férias, mas férias com as minhas crianças, e a pensar nisso e como o dinheiro não abunda, vamos acampar dois dias. Antes isso que horas infinitas no facebook mesmo que o facebook me tenha trazido tantas coisas boas, como bons amigos e assim…
O que escrevi atrás parece ser uma grande confusão, mas não é. É tudo muito a sério. É a vida, e a vida sim, a vida é uma grande confusão.
imagem retirada da net
Esta bela época de veraneio deixa-me sempre mais pensativa em relação a este assunto. Dá-me para observar as famílias que aterram em bandos no areal, que se passeiam na marginal ou que debicam gelados e cervejas nas esplanadas deste nosso Portugal. Não sei como, mas nesta altura do ano as famílias inteiras, vulgo, mãe, pai e filhos e por vezes cão, aparecem em quantidades quase assustadoras cá por fora, tal como os cogumelos crescem no Inverno. Falam alto, gargalham ou passeiam-se orgulhosamente de mãos dadas, de filhos às cavalitas e cão pela trela. E dizem coisas como: “oh mor, olha o menino, pega-lhe ao colo!” Ou: “levas-me o saco, querido?” Ou vê-los passar (a eles) a empurrar o carrinho das crianças e elas, confiantes de que terão a família inteira para toda a vida, empinam o nariz ao passar por mim.
Agora, neste momento, sei que estão a pensar que sou uma grande ressabiadona porque não tenho uma destas famílias completas e que por isso, e só por isso, estou aqui a mandar postas de pescada despeitadas. Desenganem-se. Aquilo ali em cima foi uma forma de vos chamar a atenção para um assunto difícil. Gosto de ver famílias felizes e se penso mais nisso é porque ainda me causa tristeza ter tido que abdicar da minha.
E por causa disso, e mais uma vez, fiz-me a pergunta: qual a família mais feliz, a monoparental ou a disfuncional? Qual o mal menor?
A resposta é difícil. Pensei muito e muitas vezes. Antes do divorcio, durante e depois. Ainda penso. Tento ver todos os prós e os contras e até fiz uma análise swot, que me ensinou um amigo marketeer, para ver se chegava a uma conclusão mesmo, mesmo conclusiva.
Ia mostrar aqui a análise mas desisti. É demasiado grande a quantidade de itens que coloquei nos pontos fortes (do ponto de vista de sozinha) e isso (ainda) me causa tristeza. A minha família não era feliz quando era inteira e só agora, que lhe parti um braço, ficou melhor. É triste perceber que tive que lhe partir um braço para ser um bocadinho mais feliz. Um desmembrado mais feliz. Não é ridículo? Antes, quando era inteira, havia lágrimas e havia tristeza e havia a dúvida do caminho a seguir. E havia um aperto no peito constante. Agora, desmembrada, há alguma solidão, mas em compensação, há uma serenidade que se vê a olho nu. Em todos nós.
Penso nos meus filhos. Eles sabem que fui eu que quis assim. Sei que sofreram. Sei que dei o meu melhor (mesmo podendo não ter sido o suficiente) para manter a família unida. Sei que não me apontam o dedo. Sei que entendem e estão bem. Sei que hoje, passados sete anos, sabem que foi o melhor a fazer.
Nem por isso deixo de sentir a tristeza de quem foi obrigada a partir uma vida a meio. Mas, ponderando tudo, mais vale monoparental do que disfuncional.
imagem retirada da net
…que leva as minhas pessoas para longe de mim… Que mas arranca sem pena dos meus olhos e dos meus abraços…
Todavia, nunca do meu coração…
Gosto que estejam por perto, debaixo dos meus olhos. Gosto de lhes ver os sorrisos. Gosto de lhes ouvir dizer palavras mesmo que não queiram dizer coisa nenhuma. Gosto de lhes sentir o calor da pele nos abraços trocados como se não nos víssemos há muito tempo. Gosto de saber que estão aqui. Perto.
Não gosto do Agosto que me rouba as tardes tranquilas de leitura à beira-mar e os passeios serenos pela marginal no fim da tarde. Não gosto que me roubem o prazer de ter o pôr-do-sol só para mim nem dos constantes arremessos de ruídos poliglotas que me ferem os ouvidos…
Gosto de sentir o silêncio na pele. Gosto de ouvir apenas o mar e as gaivotas aos gritos quando rasam a espuma salgada na areia. Gosto de passear pela cidade e conseguir ouvir os restolhar das folhas nas copas das árvores. Gosto de ver caras que vejo todos os dias sem nunca termos dito um olá. Gosto de chegar depressa à praia e a casa e ao supermercado.
Não gosto do vento que vem com Agosto. Não gosto do vento que levanta a areia e me obrigada a vestir um casaco. Não gosto que os dias já comecem a ficar mais curtos…e me deixem menos tempo para viver.
Gosto do calor morno do Verão sem vento. Das tardes passadas a ler na praia sem pára-vento. Gosto de poder ver o que me rodeia, de levantar os olhos do livro e ver a imensidão de azul e de por momentos ser levada pela brisa para outras paragens. Gosto de passear pelas ruas da cidade com calma, passar nos jardins e de ouvir os pássaros chilrear sem descanso. Não gosto que o vento me lembre que em breve se irão embora…
Agosto não é ao meu gosto. Não gosto. De verdade que não gosto.
imagem retirada da net
Por vezes acordo com um medo irracional da morte. Não, minto, não é da morte que tenho medo. É, isso sim, de não saber quanto tempo terei até lá. Seja quanto tempo for que consiga imaginar que terei, parece-me sempre muito pouco. Num segundo, passa-me diante dos olhos todas as pessoas de quem gosto e aqueles que amo de paixão, os que ainda irão nascer e de quem irei gostar, os sítios que não fui, os livros que não li, o amor que ainda não tive. Como posso fazer tudo o que quero e preciso em tão pouco tempo? E se ainda for menos do que imagino? E se a morte for mesmo o fim e depois não existir nada?
Eu sei que a vida continua sem mim... mas eu queria tanto ter as pessoas de quem gosto na minha vida para sempre... e queria continuar na vida das pessoas de quem gosto...
Não gosto de pensamentos recorrentes...mas deste, menos ainda... Faz-me doer como se tivesse um estilete espetado no crânio ou ácido a corroer-me as entranhas...
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi