mesmo que o vento agreste que sopra do norte
transforme em gelo a água que fica pelo chão,
mesmo que nos corte o rosto como lâminas afiadas,
eu não tenho frio.
dentro de mim existem memórias.
existem beijos, abraços e mãos.
e também fios de prata e olhos meigos.
são fogo na lareira em noites de Inverno
que me aquecem o corpo por dentro.
e as chamas deste fogo fogem-me pelos olhos.
isto é um sinal inequívoco,
de que também o coração se aqueceu nelas.
isso e também o sorriso que se colou ao meu rosto.
para sempre.
cláudia moreira
tenho um vestido
feito de flores amarelas,
e um fiozinho de sol
para prender no cabelo.
mais tarde,
e enquanto a tarde não finda,
hei-de passear um pouco por aí
e colher miosotis para pôr na trança.
enquanto isso sonho com beijos,
os teus.
e também com a ternura do teu abraço.
cláudia moreira
Ergo a mão e aceno-te em jeito de despedida
Abro um sorriso para esconder uma lágrima teimosa
Até breve, digo eu murmurando
Levantas a mão e acenas-me também.
Leio claramente nos teus lábios a palavra “adeus”
Deixas que se misture com aquele sorriso largo que te define
É para me poupares da tristeza, bem sei.
Ah! Não me digas adeus meu amigo!
Sabes que adeus é uma palavra difícil
E que assim como tu gosto muito das palavras
Mas não das difíceis que me queimam os lábios
E adeus é uma palavra para sempre, é uma palavra infinita
Infinita e dolorosa e não a quero a viver no meu peito
Tu partes agora e eu ainda fico mais um pouco
Digo-te então que é por breves instantes, meu amigo
Não tarda as tuas gargalhadas ecoarão novamente pelas preguiçosas tardes de sol
E não demorará até que as tuas velas erguidas cortem novamente os oceanos
O tempo escorre depressa pelos socalcos da vida
Tu sabes.
Baixo a mão porque por fim me viras as costas.
Levas ainda o sorriso colado nos lábios.
Não faz mal que partas agora
Porque sei dentro de mim que havemos um dia de nos reencontrar.
Até breve, digo eu murmurando.
Por Cláudia Moreira
07-05-2012
imagem retirada da net
Nas tuas mãos perfeitas, muito brancas e macias
Tens o teu filho acabado de nascer.
Constatas então que a perfeição existe
A felicidade também.
Olhas o teu filho com olhos muito abertos
Porque queres que caiba todo dentro desse olhar.
Sabes que será teu para sempre.
Para sempre. Sempre.
Mesmo que a palavra “sempre” exija tanto de ti
Um compromisso imenso
Absolutamente inquebrável
Sabes que será assim.
Para sempre.
Mesmo assim, queres nesse preciso momento retê-lo
Todo dentro dos teus olhos.
Para memória futura.
Porque tu sabes que ele um dia irá crescer
Que deixará de ser esse ser indefeso
Que agora te cabe na palma da mão.
Um dia vais levá-lo à escola de bibe e lancheira colorida
Mas ele regressará sozinho.
Crescido. Pronto para viver.
E liberto das tuas mãos protectoras ganhará asas
E voará
Alto, muito alto nos céus onde tu não poderás ir
E o teu coração viverá apertadinho
Muito pequenino
Do tamanho de um botão.
Mesmo pequenino estará sempre pronto
Juntamente com os teus braços
Abertos.
À espera. Pacientemente à espera.
Dar-lhe-ás então o melhor colo do mundo!
E beijos.
E amor.
Vais estar sempre ali, com ele e para ele.
Sempre com um sorriso estampado no rosto.
Mesmo que o teu dia tenha sido doloroso
Que te sangrem os pés
Ou que a tua alma esteja feita em pedaços.
Mesmo que as lágrimas ácidas queiram explodir nos teus olhos
E só te apeteça deitar a cabeça na almofada.
Vais estar sempre ali, com ele e para ele.
Vais ensinar-lhe as primeiras palavras.
Mamã, papá, água, papa.
Quando trouxer um joelho rasgado pelas pedras da calçada
Vais lá colocar carinhosamente um beijo
E noutros dias dar-lhe-ás abraços muito apertados
E dir-lhe-ás: não faz mal, arranjas outra namorada.
Quando não conseguir aquele emprego
Ou quando se zangar a primeira vez com a esposa.
Estarás lá. Sempre.
Serás sempre a sombra que o acompanha
A guardiã delicada e silenciosa.
Em todas as noites escuras de pesadelos
Ou em dias frios de agreste tempestade
E as tuas palavras doces serão feitas de magia
Mais ninguém será capaz de habitar a sua alma.
E de o aceitar como ele é
Que faça grandes disparates e diga coisas sem pensar
Estarás sempre ali para o teu filho.
Com um colo generoso se lhe apetecer chorar.
E quando quiser rir, não tenhas dúvidas com quem o vai fazer.
E quando ele tiver o primeiro filho vais lá estar
E será um pouco teu filho também
Mulher, tu tens tanta sorte
Do nada criaste um milagre dentro de ti
Um milagre.
O mais belo, o mais terno, o mais maravilhoso de todos os milagres
Uma nova pessoa. Uma nova alma.
Um amor incondicional que viverá sempre, sempre dentro de ti.
E sempre nos teus braços.
E não há amor maior do que esse.
Porque nem a morte é capaz de apagar o amor de mãe.
Então a perfeição existe.
A felicidade também.
Por Cláudia Moreira
imagem retirada da net
Nas tuas mãos perfeitas, muito brancas e macias
Tens o teu filho acabado de nascer.
Constatas então que a perfeição existe
A felicidade também.
Olhas o teu filho com olhos muito abertos
Porque queres que caiba todo dentro desse olhar.
Sabes que será teu para sempre.
Para sempre. Sempre.
Mesmo que a palavra “sempre” exija tanto de ti
Um compromisso imenso
Absolutamente inquebrável
Sabes que será assim.
Para sempre.
Mesmo assim, queres nesse preciso momento retê-lo
Todo dentro dos teus olhos.
Para memória futura.
Porque tu sabes que ele um dia irá crescer
Que deixará de ser esse ser indefeso
Que agora te cabe na palma da mão.
Um dia vais levá-lo à escola de bibe e lancheira colorida
Mas ele regressará sozinho.
Crescido. Pronto para viver.
E liberto das tuas mãos protectoras ganhará asas
E voará
Alto, muito alto nos céus onde tu não poderás ir
E o teu coração viverá apertadinho
Muito pequenino
Do tamanho de um botão.
Mesmo pequenino estará sempre pronto
Juntamente com os teus braços
Abertos.
À espera. Pacientemente à espera.
Dar-lhe-ás então o melhor colo do mundo!
E beijos.
E amor.
Vais estar sempre ali, com ele e para ele.
Sempre com um sorriso estampado no rosto.
Mesmo que o teu dia tenha sido doloroso
Que te sangrem os pés
Ou que a tua alma esteja feita em pedaços.
Mesmo que as lágrimas ácidas queiram explodir nos teus olhos
E só te apeteça deitar a cabeça na almofada.
Vais estar sempre ali, com ele e para ele.
Vais ensinar-lhe as primeiras palavras.
Mamã, papá, água, papa.
Quando trouxer um joelho rasgado pelas pedras da calçada
Vais lá colocar carinhosamente um beijo
E noutros dias dar-lhe-ás abraços muito apertados
E dir-lhe-ás: não faz mal, arranjas outra namorada.
Quando não conseguir aquele emprego
Ou quando se zangar a primeira vez com a esposa.
Estarás lá. Sempre.
Serás sempre a sombra que o acompanha
A guardiã delicada e silenciosa.
Em todas as noites escuras de pesadelos
Ou em dias frios de agreste tempestade
E as tuas palavras doces serão feitas de magia
Mais ninguém será capaz de habitar a sua alma.
E de o aceitar como ele é
Que faça grandes disparates e diga coisas sem pensar
Estarás sempre ali para o teu filho.
Com um colo generoso se lhe apetecer chorar.
E quando quiser rir, não tenhas dúvidas com quem o vai fazer.
E quando ele tiver o primeiro filho vais lá estar
E será um pouco teu filho também
Mulher, tu tens tanta sorte
Do nada criaste um milagre dentro de ti
Um milagre.
O mais belo, o mais terno, o mais maravilhoso de todos os milagres
Uma nova pessoa. Uma nova alma.
Um amor incondicional que viverá sempre, sempre dentro de ti.
E sempre nos teus braços.
E não há amor maior do que esse.
Porque nem a morte é capaz de apagar o amor de mãe.
Então a perfeição existe.
A felicidade também.
Por Cláudia Moreira
imagem retirada da net
Parti noite escura
Numa casca de noz.
Agarrei as amuradas finas e frágeis
E não hesitei.
Avancei.
Icei uma vela feita só do meu querer
E não olhei para trás uma única vez.
Parti em busca do mundo.
Por Cláudia Moreira
Não cabe em mim todo o amor que te tenho
Transborda do meu corpo
Goteja para o chão da Terra
Um fio de água
Transforma-se depois num regato
Um rio
Por fim um imenso oceano
Cobre planícies, vales, montanhas
A Terra inundada
O mundo é afinal muito pequeno
E pequeno
Deixa tombar este sentimento para o Universo
No espaço infinito
Um oceano inteiro de amor por ti
Não cabe em mim todo o amor que te tenho
Sufoca-me
Liberta-se do meu peito
Ergue-se no ar e consome todo o oxigénio da Terra
Liberta-se da atmosfera e atinge as estrelas
Que brilham agora mais intensamente
Desembaraçadas do pó estelar
Por este sentimento sincero
Límpido
Não cabe em mim todo o amor que te tenho
Solto-o. Liberto-o. Desobrigo-o. Exalo-o.
Ofereço-to.
Cláudia Moreira
Dezembro 2011
Poema
Hoje, dentro de mim, no sítio onde sentimos
Surgiram sentimentos que não conhecia ainda.
Brilharam aos meus olhos na obscuridade da noite
Sem qualquer pudor.
Depois, na impossibilidade de os dizer
Deixei que descessem até aos meus dedos
E assim, numa simbiose perfeita
Entre a minha pele bronzeada pelo sol de Maio
E a madeira do meu lápis de carvão
As letras foram saindo da ponta do lápis
Perfilando-se no papel, formando palavras
Numa caligrafia incerta de quem tem urgência
Em dar vazão ao que lhe vai na alma…
Cláudia Moreira em Pedaços de Mim...
23-05-2011
E porque há coisas que escrevi que ainda gosto...
A tarde acabou devagarinho
Serena ainda, morna do sol de Outono
Retendo em si o cheiro da terra e o sabor da tua boca
A noite deitou-se comigo e tu também
Pela janela aberta chegou o cheiro do orvalho pousado
Nas folhas verdes das árvores que não dormem.
E trouxe consigo de mão dada o odor quente da terra
E das estrelas
Aproveitamos a luz distante e trémula.
Fizemos amor em lençóis lavados em água fria
Que nasce das entranhas da montanhas e secos ao sol
A tua pele dizia-me coisas que não dizia a mais ninguém
E a tua boca também.
O longo cântico dos grilos misturava-se com a tua respiração
E era música composta pela mão de Deus ou do demónio.
Desejei que o tempo parasse
Naquele momento e ficássemos assim
Para sempre.
Para sempre.
Cláudia Moreira
se um dia eu abrisse os meus olhos e te deixasse entrar
verias que guardo dentro de mim tantos mundos diferentes
que nem mil vidas te chegariam para os desvendar
com um sorriso pedirias então licença para lá morar.
cláudia moreira
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi