(imagem retirada da net)
As vezes à noite deito a cabeça na almofada e não consigo dormir. Tenho a cabeça cheia de mil e uma coisas. Problemas, aborrecimentos, contas que não sei como pagar. Ando as voltas com tantos problemas que o sono não vem. Deito-me e levanto-me. Vejo televisão. Pego num livro. Como iogurtes. Faço um chá. Nada resulta. É nesta altura que sou obrigada a ligar o interruptor que acciona a imaginação e me transporta para outro mundo e assim consigo dar descanso aos neurónios maltratados.
Sou eu, mas vejo-me ao longe. Estou na biblioteca nos meio das prateleiras onde se pode encontrar literatura chilena. Vejo-me de cabeça inclinada lendo os títulos dos livros. Esta calor e tiro o casaco. Sei que tem muita gente a minha volta, mas pareço não dar por isso. Procuro um livro específico, chama-se o Carteiro de Pablo Neruda. Estou tão absorvida que não vejo que um homem na casa dos trinta se aproxima de mim.
- Procura algo em especial?
Olho-o como se tivesse acordado de um sonho – sim, procuro o Mário…
Então, aquele homem de cabelos negros rebeldes e olhos azuis sorri para mim, um sorriso aberto como vi poucos na vida e diz:
- Eu sou o Mário…
Vejo um sorriso no meu rosto também.
-Refiro-me ao Mário Ruopollo do Carteiro de Pablo Neruda…
-Eu sabia…mas como também sou Mário resolvi brincar…não levou a mal pois não?
Como poderia eu levar a mal uma brincadeira tão inocente e ainda por cima vinda de um homem tão belo como aquele?
-Não levei a mal, fique descansado…e você? O que anda a procura?
-Ando a procura da minha doce Beatrice…mas não a encontro…já a procuro há muitos anos e parece que vai ser difícil encontra-la…já não sei se acredito nas almas gémeas…
-Eu também procuro a minha… – digo eu corada ate a raiz dos cabelos.
Ele olha-me profundamente nos olhos, e sinto-me despida.
-Aceita tomar um café comigo um dia destes?
É aqui que finalmente adormeço e dali a pouco o despertador toca. Eu ainda cansada a desejar que faltassem muitas horas para acordar, lembro-me do Mário e digo a mim mesma: Cláudia Sofia, afinal tens 34 ou tens 14 anos???
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi