Domingo de manhã é um momento terrível para os solitários. Precisava do meu amigo, tinha urgência de o ver. Precisava de conversar e só ele é capaz de me ouvir de me entender.
Por isso hoje de manhã fui ver o mar.
No céu azul, o sol brilhava intensamente, mas as águas do oceano estavam cinzentas. O vento soprava furiosamente mal me deixando ouvir o Jamie que levava comigo no mp3. Estava cansada, mas caminhei alguns quilómetros pela beira-mar. Depois tirei as sapatilhas e caminhei descalça na areia molhada. Olhei mais longe, na direcção do sol e a água brilhava como se fosse feita de cristal. Gosto tanto de ver a água assim, como se fosse feita de cristal. Olhei para trás e vi o farol. Imaginei-me a viver no farol. Seria uma delícia acordar todos os dias com as gaivotas a pairar na janela e as ondas a bater nas rochas. Podia fechar os olhos mis um pouco, sentindo-me completamente segura sabendo que a luz que guia os náufragos estava mesmo ali por cima de mim. Foi uma ideia tola bem sei, mas gostava de experimentar um dia uma ideia assim tola. Uma ideia assim tola que não causa dano mas que dá prazer.
Já estou a divagar.
Fui ver o mar porque ontem me senti triste novamente. Devia desistir de sair à noite. Vou a sítios lotados e sinto-me só. Muito mais do que me sinto quando estou efectivamente só. A lágrima teimosa queria sair de novo, mas não deixei. Respirei fundo e acabei de beber a vodka laranja. Vim para casa, mas a solidão também estava na minha casa. Mais uma vez não deixei a lágrima teimosa sair. Adormeci tardíssimo e acordei cedíssimo. Por isso fui ver o mar. Para tentar acalmar a angústia que certos pensamentos me fazem sentir. Não sei se me sinto muito melhor, mas pelo menos neste momento não corro o risco da lágrima querer soltar-se de novo…
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi