imagem retirada da net
Nas tuas mãos perfeitas, muito brancas e macias
Tens o teu filho acabado de nascer.
Constatas então que a perfeição existe
A felicidade também.
Olhas o teu filho com olhos muito abertos
Porque queres que caiba todo dentro desse olhar.
Sabes que será teu para sempre.
Para sempre. Sempre.
Mesmo que a palavra “sempre” exija tanto de ti
Um compromisso imenso
Absolutamente inquebrável
Sabes que será assim.
Para sempre.
Mesmo assim, queres nesse preciso momento retê-lo
Todo dentro dos teus olhos.
Para memória futura.
Porque tu sabes que ele um dia irá crescer
Que deixará de ser esse ser indefeso
Que agora te cabe na palma da mão.
Um dia vais levá-lo à escola de bibe e lancheira colorida
Mas ele regressará sozinho.
Crescido. Pronto para viver.
E liberto das tuas mãos protectoras ganhará asas
E voará
Alto, muito alto nos céus onde tu não poderás ir
E o teu coração viverá apertadinho
Muito pequenino
Do tamanho de um botão.
Mesmo pequenino estará sempre pronto
Juntamente com os teus braços
Abertos.
À espera. Pacientemente à espera.
Dar-lhe-ás então o melhor colo do mundo!
E beijos.
E amor.
Vais estar sempre ali, com ele e para ele.
Sempre com um sorriso estampado no rosto.
Mesmo que o teu dia tenha sido doloroso
Que te sangrem os pés
Ou que a tua alma esteja feita em pedaços.
Mesmo que as lágrimas ácidas queiram explodir nos teus olhos
E só te apeteça deitar a cabeça na almofada.
Vais estar sempre ali, com ele e para ele.
Vais ensinar-lhe as primeiras palavras.
Mamã, papá, água, papa.
Quando trouxer um joelho rasgado pelas pedras da calçada
Vais lá colocar carinhosamente um beijo
E noutros dias dar-lhe-ás abraços muito apertados
E dir-lhe-ás: não faz mal, arranjas outra namorada.
Quando não conseguir aquele emprego
Ou quando se zangar a primeira vez com a esposa.
Estarás lá. Sempre.
Serás sempre a sombra que o acompanha
A guardiã delicada e silenciosa.
Em todas as noites escuras de pesadelos
Ou em dias frios de agreste tempestade
E as tuas palavras doces serão feitas de magia
Mais ninguém será capaz de habitar a sua alma.
E de o aceitar como ele é
Que faça grandes disparates e diga coisas sem pensar
Estarás sempre ali para o teu filho.
Com um colo generoso se lhe apetecer chorar.
E quando quiser rir, não tenhas dúvidas com quem o vai fazer.
E quando ele tiver o primeiro filho vais lá estar
E será um pouco teu filho também
Mulher, tu tens tanta sorte
Do nada criaste um milagre dentro de ti
Um milagre.
O mais belo, o mais terno, o mais maravilhoso de todos os milagres
Uma nova pessoa. Uma nova alma.
Um amor incondicional que viverá sempre, sempre dentro de ti.
E sempre nos teus braços.
E não há amor maior do que esse.
Porque nem a morte é capaz de apagar o amor de mãe.
Então a perfeição existe.
A felicidade também.
Por Cláudia Moreira
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