A ideia era escrever um texto engraçado, bastante engraçado ou até mesmo hilariante. Em vez disso e para minha grande vergonha, venho é pedir desculpa porque, claramente, não tenho essa capacidade. E digo eu que sonho ser escritora… Pois, pois…
A verdade é que há três dias que acordo a pensar nisso, vou trabalhar a pensar nisso, faço a jantar e trato da lida da casa a pensar nisso. E até adormeço apensar nisso! E estou deprimida, muito deprimida, quase em pranto! Oh meu deus! Procurei na memória e não consigo encontrar um único episódio engraçado ou digno de nota que possa contar aqui. Que triste que eu sou! Quer dizer, encontro alguns assim mais para o patéticos… agora engraçados? Nem um! E sinto-me a mais triste das criaturas. Oh céus! Como pode alguém ser assim tão pouco interessante? Depois, mais para me iludir que outra coisa, pensei em escrever uma anedota como se se tivesse passado comigo. Assim uma dessas anedotas que toda a gente gosta, que meta trambolhões, enganos ou traições! Ainda lancei as mãos ao teclado mas depois achei que toda a gente haveria de perceber a minha pequena artimanha e rir-se indecorosamente da minha pessoa por ter tido tamanha ousadia. Seria uma desgraça. O meu nome cairia nas bocas do mundo como alguém, não só incapaz de escrever uma história de rir, mas capaz de se apoderar de uma história que é de todos. Bem poderia então esquecer a minha suposta promissora carreira de escritora! Não seria por ai a resolução do meu problema.
E se contasse apenas uma anedota? Uma coisa simples assim com céu e inferno e o S. Pedro, que caí sempre bem, como aquela em que um escritor morre e à porta do céu o S. Pedro dá-lhe hipótese de escolher se quer ir para o céu ou para o inferno e o escritor pede então para ver os dois lugares antes de escolher. No céu, o lugar que lhe está destinado é numa sala onde estão mais uma centena de escritores, todos militarmente sentados numa imensa mesa de madeira antiga, sentados em cadeiras antigas e desconfortáveis, a escrever em máquinas também muito antigas e já com os dedos em ferida. O escritor não fica nada, mas mesmo nada bem impressionado e pede para ver o inferno onde encontra um cenário exactamente igual ao do céu e depois pergunta ao S. Pedro, mas afinal que diferença há entre o céu e o inferno?, e o S. Pedro lhe diz que a diferença é que no céu os escritores têm todos editores! Engraçada não é? Eu cá acho!
Passei em revista todas as conversas que fui tendo com amigos e conhecidos durante estes dias e descobri histórias terrivelmente engraçadas que poderia transforma-las em minhas. Mas e depois? Como esconder das ditas pessoas que tinha roubado descaradamente as suas histórias? Tinha que dizer, ah e tal, não vão ao meu blog nos próximos dias porque não vou escrever nada, está bem? Pois, pois, bem sei. Não iria resultar, já sei.
Posto isto… resta-me desistir de escrever uma história engraçada e ter esperança no perdão dos meus leitores. Bem, desistir… só por agora, que eu cá não sou pessoa de desistir fácil ou fugir dos desafios! Amanhã será um novo dia e, quem sabe, esse novo dia me poderá trazer uma história tão engraçada, mas tão engraçada que terei mesmo que vir aqui contar-vos!
Por Cláudia Moreira para a Fábrica das Histórias
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