A Fábrica pediu uma história piegas...e eu escrevi:)
A verdade é que tudo correra ao contrário do que Elisa tinha imaginado. As lágrimas corriam ligeiras pela cara de Elisa, ainda ligeiramente bronzeada pelo sol de verão e iam aterrar no cachecol cor-de-rosa que ela trazia muito enrolado ao pescoço. Embora ela tenha os pés bem assentes na terra a verdade é que é uma romântica incorrigível e isso é uma parte da sua maneira de ser que sempre lhe tinha trazido dissabores. Elisa é uma daquelas poucas pessoas que ainda acredita que o amor é para sempre e que quando vê casais velhinhos de mão dada, desata em pranto. Ela é assim, dada as estas coisas sentimentais, a que outros chamariam de pieguices.
Naquele dia frio, Elisa caminhava por entre as ruas parisienses e chorava. Que coisa mais absurda, pensava ela, estou na cidade mais bonita e romântica do mundo e estou completamente sozinha. Tinha decidido viajar para Paris mesmo depois de se terem zangado. Há três dias e três noites que estavam zangados. Precisamente duas noites antes da viagem que ela tinha planeado para os dois com tanto amor, tinham tido uma discussão absurda e ele tinha batido com a porta. Ao sair ele disse que não voltava. Elisa estava triste e desiludida. Esperara que ele viesse pedir desculpa e que nesse momento tudo ficaria bem, mas a verdade é que desde a discussão ninguém lhe batera à porta e o seu telefone esteve sempre mudo. Tinha pensado em desistir da viagem. Depois pensou que fazer a viagem seria bom para se distrair, mas tudo o que conseguira fazer até ali tinha sido pensar nele, ter saudades dele, querer estar com ele. Era uma burra, isso sim, pensava. Passou pela Notre-Dame e lembrou-se da história de Quasímodo e Esmeralda, uma das mais bonitas histórias de amor, habilmente escrita por Victor Hugo e mais uma vez as lágrimas irromperam pela cara abaixo. Não queria pensar nisso, mas naquela cidade tudo fazia lembrar o amor e os apaixonados. Caminhou até à Pont des Arts e parou a olhar o Sena. A imagem que via era tão bonita, autênticos postais! Na ponte, milhares de cadeados com os nomes escritos dos casais apaixonados repousavam tranquilos. É de tradição que os apaixonados coloquem ali um aloquete com os dois nomes escritos, depois um beijo. Por fim, a chave é atirada ao Sena, uma bela metáfora para mostrar ao ser amado que o amor é para sempre. Elisa apoiou os cotovelos na ponte e o queixo nas mãos. Era tudo tão lindo… Mas estava sozinha. Ninguém com quem partilhar aqueles momentos, ninguém com quem partilhar aqueles cenários fabulosos. Olhava ao longe e fazia beicinho, muito triste.
Foi então que Elisa sentiu alguém muito próximo de si e um aloquete apareceu na frente dos seus olhos, assustando-a ao mesmo tempo que alguém lhe dizia:
- Elisa, casas comigo?
Elisa virou-se quase bruscamente e não pôde acreditar. O seu mais que tudo estava ali, com um aloquete na mão, a pedir-lhe que casasse com ele. Seria verdade ou alucinação?
- Mas... Não entendo…
- Minha querida Elisa, fui muito parvo, tão parvo que não tenho desculpa. Amo-te e nestes dois dias percebi que as saudades são tantas quando não estamos perto, que não consigo viver longe de ti… Mesmo com as nossas diferenças, é contigo que quero passar o resto dos meus dias. És a pessoa mais importante do mundo e serás sempre! Quero que sejas minha mulher até que a morte nos separe. Amo-te princesa…
Então, juntos, fecharam o aloquete na ponte e beijaram-se. Elisa pegou na chave e ao mesmo tempo que a atirava ao Sena, disse alto:
- Sim!
Ficção
Por Cláudia Moreira para a Fábrica de Histórias
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