“Eram oito da noite e lá fora a escuridão era completa. Era normal ser assim na noite de Natal. Os meninos órfãos olhavam todos pela janela para o céu estrelado à espera de o ver chegar. O tempo foi passando e não viram chegar o tão aguardado barbudo vestido de vermelho. Os adultos, pais e mães de faz de conta, chamaram-nos para jantar. Na mesa tinham apenas a sopa do costume, o pão do costume e água do costume Na mesa não havia nenhum bacalhau, nenhuma batata nem nenhuma rabanada ou aletria. Os meninos órfãos e os pais de faz de conta juntaram as mãos em redor da mesa, fecharam os olhos e agradeceram a Deus o pão de cada dia como faziam todos os dias. Obrigada meu Deus pelo pão que nos dás em cada dia. Dentro dos seus corações a certeza de que o pouco que tinham era uma graça divina. Foi mais ou menos aí nesse momento que o cheiro do bolo-rei lhes chegou às narinas e eles não resistiram a abrir os olhos. A mesa estava linda, farta de coisas boas e na janela ainda se via um clarão. Alguns que correram depressa ainda tiveram tempo de ver um rasto de luz intenso a desaparecer no infinito.”
Mini-conto de Natal por Cláudia Moreira
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi