mesmo que o vento agreste que sopra do norte
transforme em gelo a água que fica pelo chão,
mesmo que nos corte o rosto como lâminas afiadas,
eu não tenho frio.
dentro de mim existem memórias.
existem beijos, abraços e mãos.
e também fios de prata e olhos meigos.
são fogo na lareira em noites de Inverno
que me aquecem o corpo por dentro.
e as chamas deste fogo fogem-me pelos olhos.
isto é um sinal inequívoco,
de que também o coração se aqueceu nelas.
isso e também o sorriso que se colou ao meu rosto.
para sempre.
cláudia moreira
Hoje, olhando o céu tão cinzento a ameaçar-nos de Inverno, tive saudades do tempo em que as tardes não custavam nada a passar. Nesse tempo, eu miúda de tranças ainda, encostava a cara ao vidro gelado da janela e ficava a ver chover lá fora. As grossas gotas de chuva molhavam tudo, as folhagens das árvores, as laranjas já quase maduras, as heras da parede e nas águas do tanque parado faziam círculos dentro de círculos. Dentro da sala, o som inequívoco da agulha de crochet a passar na linha enchia tudo. E também o tic-tac do relógio. Depois, a minha avó tirava os óculos de ver ao perto e ia para a cozinha fazer-me leite-creme para o lanche.
tenho um vestido
feito de flores amarelas,
e um fiozinho de sol
para prender no cabelo.
mais tarde,
e enquanto a tarde não finda,
hei-de passear um pouco por aí
e colher miosotis para pôr na trança.
enquanto isso sonho com beijos,
os teus.
e também com a ternura do teu abraço.
cláudia moreira
...palavras. Parece pouco, mas é bastante. O problema é que já deveria estar nas 50000!!! oh well...
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi