Apesar de não ter ganho o ConteConnosco2, fiquei muito feliz na mesma! Não é todos os dias que se acaba em 14º lugar! Fui a 7º escolha do jurado e o facto de ter ficado em 14º deveu-se a ter ficado em 18º nas votações e a posição final ser uma ponderação dos dois valores.
Posto isto...parabéns a mim:))
Vim do cinema incomodada e na roupa trouxe impregnado o cheiro da podridão do que vi. Talvez o filme seja muito bom ou não me teria deixado tão irritada!! Vejam o trailer!
A ideia era escrever um texto engraçado, bastante engraçado ou até mesmo hilariante. Em vez disso e para minha grande vergonha, venho é pedir desculpa porque, claramente, não tenho essa capacidade. E digo eu que sonho ser escritora… Pois, pois…
A verdade é que há três dias que acordo a pensar nisso, vou trabalhar a pensar nisso, faço a jantar e trato da lida da casa a pensar nisso. E até adormeço apensar nisso! E estou deprimida, muito deprimida, quase em pranto! Oh meu deus! Procurei na memória e não consigo encontrar um único episódio engraçado ou digno de nota que possa contar aqui. Que triste que eu sou! Quer dizer, encontro alguns assim mais para o patéticos… agora engraçados? Nem um! E sinto-me a mais triste das criaturas. Oh céus! Como pode alguém ser assim tão pouco interessante? Depois, mais para me iludir que outra coisa, pensei em escrever uma anedota como se se tivesse passado comigo. Assim uma dessas anedotas que toda a gente gosta, que meta trambolhões, enganos ou traições! Ainda lancei as mãos ao teclado mas depois achei que toda a gente haveria de perceber a minha pequena artimanha e rir-se indecorosamente da minha pessoa por ter tido tamanha ousadia. Seria uma desgraça. O meu nome cairia nas bocas do mundo como alguém, não só incapaz de escrever uma história de rir, mas capaz de se apoderar de uma história que é de todos. Bem poderia então esquecer a minha suposta promissora carreira de escritora! Não seria por ai a resolução do meu problema.
E se contasse apenas uma anedota? Uma coisa simples assim com céu e inferno e o S. Pedro, que caí sempre bem, como aquela em que um escritor morre e à porta do céu o S. Pedro dá-lhe hipótese de escolher se quer ir para o céu ou para o inferno e o escritor pede então para ver os dois lugares antes de escolher. No céu, o lugar que lhe está destinado é numa sala onde estão mais uma centena de escritores, todos militarmente sentados numa imensa mesa de madeira antiga, sentados em cadeiras antigas e desconfortáveis, a escrever em máquinas também muito antigas e já com os dedos em ferida. O escritor não fica nada, mas mesmo nada bem impressionado e pede para ver o inferno onde encontra um cenário exactamente igual ao do céu e depois pergunta ao S. Pedro, mas afinal que diferença há entre o céu e o inferno?, e o S. Pedro lhe diz que a diferença é que no céu os escritores têm todos editores! Engraçada não é? Eu cá acho!
Passei em revista todas as conversas que fui tendo com amigos e conhecidos durante estes dias e descobri histórias terrivelmente engraçadas que poderia transforma-las em minhas. Mas e depois? Como esconder das ditas pessoas que tinha roubado descaradamente as suas histórias? Tinha que dizer, ah e tal, não vão ao meu blog nos próximos dias porque não vou escrever nada, está bem? Pois, pois, bem sei. Não iria resultar, já sei.
Posto isto… resta-me desistir de escrever uma história engraçada e ter esperança no perdão dos meus leitores. Bem, desistir… só por agora, que eu cá não sou pessoa de desistir fácil ou fugir dos desafios! Amanhã será um novo dia e, quem sabe, esse novo dia me poderá trazer uma história tão engraçada, mas tão engraçada que terei mesmo que vir aqui contar-vos!
Por Cláudia Moreira para a Fábrica das Histórias
Dia 23, quinta-feira, 17h00 - Auditório Municipal
Mesa 1: "A Escrita é um risco total" - Eduardo Lourenço
Almeida Faria
Ana Paula Tavares
Eduardo Lourenço
Hélia Correia
Rubem Fonseca
José Carlos de Vasconcelos - moderador
Dia 24, sexta-feira, 10h30 - Auditório Municipal
Mesa 2: "O fim da arte superior é libertar" - Fernando Pessoa
Alberto S. Santos
Fernando Pinto do Amaral
José Jorge Letria
Luís Quintais
Sofia Marrecas Ferreira
Care Santos
João Gobern - moderador
Dia 24, sexta-feira, 15ho0 - Auditório Municipal
Mesa 3: A Poesia é o resultado de uma perfeita economia das palavras
Jaime Rocha
João Luís Barreto Guimarães
Manuel António Pina
Manuel Rui
Margarida Vale de Gato
Ivo Machado - moderador
Dia 24, sexta-feira, 17h30 - Auditório Municipal
Mesa 4: Toda a literatura é pura especulação
Eduardo Sacheri
Inês Pedrosa
João Bouza da Costa
Manuel Jorge Marmelo
Pedro Rosa Mendes
Rosa Montero
Bia Corrêa do Lago - moderadora
Dia 24, sexta-feira, 22h00 - Auditório Municipal
Mesa 5: A escrita é um investimento inesgotável no prazer
Afonso Cruz
Ana Luísa Amaral
Júlio Magalhães
Manuel Moya
Rui Zink
Valter Hugo Mãe
Henrique Cayatte - moderador
Dia 25, sábado, 10h30 - Auditório Municipal
Mesa 6: Da crise da escrita não se pode fugir
Carmo Neto
João Pedro Marques
Miguel Real
Sandro William Junqueira
Valeria Luiselli
Salgado Maranhão
Onésimo Teotónio Almeida - moderador
Dia 25, sábado, 16h00 - Auditório Municipal
Mesa 7: "As ideias são fundos que nunca darão juros nas mãos do talento" - Antoine Rivarol
Eugénio Lisboa
Gonçalo M. Tavares
Helena Vasconcelos
João de Melo
Luís Sepúlveda
Onésimo Teotónio Almeida
Maria Flor Pedroso - moderadora
Dia extra, em Lisboa.
28, terça-feira, 18h30, Instituto Cervantes, Lisboa
Mesa 8: Traços de crise enriquecem o texto literário
Afonso Cruz
Ana Paula Tavares
Care Santos
Manuel Moya
Valeria Luiselli
Helena Vasconcelos - moderadora
A Fábrica pediu uma história piegas...e eu escrevi:)
A verdade é que tudo correra ao contrário do que Elisa tinha imaginado. As lágrimas corriam ligeiras pela cara de Elisa, ainda ligeiramente bronzeada pelo sol de verão e iam aterrar no cachecol cor-de-rosa que ela trazia muito enrolado ao pescoço. Embora ela tenha os pés bem assentes na terra a verdade é que é uma romântica incorrigível e isso é uma parte da sua maneira de ser que sempre lhe tinha trazido dissabores. Elisa é uma daquelas poucas pessoas que ainda acredita que o amor é para sempre e que quando vê casais velhinhos de mão dada, desata em pranto. Ela é assim, dada as estas coisas sentimentais, a que outros chamariam de pieguices.
Naquele dia frio, Elisa caminhava por entre as ruas parisienses e chorava. Que coisa mais absurda, pensava ela, estou na cidade mais bonita e romântica do mundo e estou completamente sozinha. Tinha decidido viajar para Paris mesmo depois de se terem zangado. Há três dias e três noites que estavam zangados. Precisamente duas noites antes da viagem que ela tinha planeado para os dois com tanto amor, tinham tido uma discussão absurda e ele tinha batido com a porta. Ao sair ele disse que não voltava. Elisa estava triste e desiludida. Esperara que ele viesse pedir desculpa e que nesse momento tudo ficaria bem, mas a verdade é que desde a discussão ninguém lhe batera à porta e o seu telefone esteve sempre mudo. Tinha pensado em desistir da viagem. Depois pensou que fazer a viagem seria bom para se distrair, mas tudo o que conseguira fazer até ali tinha sido pensar nele, ter saudades dele, querer estar com ele. Era uma burra, isso sim, pensava. Passou pela Notre-Dame e lembrou-se da história de Quasímodo e Esmeralda, uma das mais bonitas histórias de amor, habilmente escrita por Victor Hugo e mais uma vez as lágrimas irromperam pela cara abaixo. Não queria pensar nisso, mas naquela cidade tudo fazia lembrar o amor e os apaixonados. Caminhou até à Pont des Arts e parou a olhar o Sena. A imagem que via era tão bonita, autênticos postais! Na ponte, milhares de cadeados com os nomes escritos dos casais apaixonados repousavam tranquilos. É de tradição que os apaixonados coloquem ali um aloquete com os dois nomes escritos, depois um beijo. Por fim, a chave é atirada ao Sena, uma bela metáfora para mostrar ao ser amado que o amor é para sempre. Elisa apoiou os cotovelos na ponte e o queixo nas mãos. Era tudo tão lindo… Mas estava sozinha. Ninguém com quem partilhar aqueles momentos, ninguém com quem partilhar aqueles cenários fabulosos. Olhava ao longe e fazia beicinho, muito triste.
Foi então que Elisa sentiu alguém muito próximo de si e um aloquete apareceu na frente dos seus olhos, assustando-a ao mesmo tempo que alguém lhe dizia:
- Elisa, casas comigo?
Elisa virou-se quase bruscamente e não pôde acreditar. O seu mais que tudo estava ali, com um aloquete na mão, a pedir-lhe que casasse com ele. Seria verdade ou alucinação?
- Mas... Não entendo…
- Minha querida Elisa, fui muito parvo, tão parvo que não tenho desculpa. Amo-te e nestes dois dias percebi que as saudades são tantas quando não estamos perto, que não consigo viver longe de ti… Mesmo com as nossas diferenças, é contigo que quero passar o resto dos meus dias. És a pessoa mais importante do mundo e serás sempre! Quero que sejas minha mulher até que a morte nos separe. Amo-te princesa…
Então, juntos, fecharam o aloquete na ponte e beijaram-se. Elisa pegou na chave e ao mesmo tempo que a atirava ao Sena, disse alto:
- Sim!
Ficção
Por Cláudia Moreira para a Fábrica de Histórias
Emoções para a Fábrica de Histórias
Depois de uma longa década estava de volta à sua querida cidade, Paris. Parecia-lhe quase impossível que estivesse a calcorrear de novo aquelas ruas, a ver os edifícios seus velhos conhecidos, as árvores frondosas dos jardins. Sentiu a nostalgia atacá-la em força e fechou os olhos, respirou fundo. Caminhou ligeira pelas ruas atapetadas de folhas pintadas com as cores do Outono, e chegou ao local marcado, o café onde passaram juntos tantas horas. Sentou-se e esperou. Não tirou o pequenino chapéu que se habituara a usar agora e de acordo com as novas modas. Tinha-lhe escrito a dizer que vinha. Não esperara resposta, apenas marcara o dia e vagamente uma hora e apanhara o avião. Agora ali estava, a tomar um chá de camomila e a tentar controlar a ansiedade crescente. Olhou o relógio e já passavam dez minutos da hora que dissera. Talvez não viesse. Talvez tivesse casado, estivesse feliz. Que direito tinha ela de lembrar velhas histórias, velhos sentimentos? Estava quase arrependida de ter dito que vinha. Mas também não tinha mal dizer olá, ver se estava bem. Não iria fazer nada de errado. Seria apenas um encontro de velhos amigos. Era normal visitar um amigo que não via há dez anos. Ou não seria? Olhou mais uma vez o relógio e as horas pareciam avançar devagar. O chá estava frio. Pediu outro. Na verdade devia comer alguma coisa mas o seu estômago estava contra essa ideia. Totalmente contra. Bebeu mais um gole de chá e uma ideia passou-lhe pela cabeça. E se ele não tivesse recebido a sua carta? Às vezes as cartas extraviam-se. Porque não a sua? Se assim fosse ele não teria ideia nenhuma de que ela estaria ali, naquele momento, à sua espera. Talvez fosse isso. Era uma boa explicação. A melhor de todas. Sorriu, mas contrariada. Era um absurdo estar ali sem saber se a pessoa recebera o recado. Não podia ser isso. Era uma coincidência fantástica que uma carta a avisar que vinha passar uns dias num outro país, tão longe de casa, se perdesse. Precisamente essa e não outra, como uma conta da luz ou da água. Não podia ser. Mas então porque não viria? Ela olhava para a porta. O segundo chá estava no fim e a noite caíra agora. Estava cansada e doía-lhe a alma mais do que as costas de estar ali sentada numa cadeira de madeira desconfortável. Talvez a verdade é que não a quisesse ver. Talvez estivesse ainda magoado com ela. Ou talvez zangado. Ou talvez já nem se lembrasse dela. Poderia ser? Esquecer alguém que se amara tão intensamente? Ela tinha a certeza de que ele a tinha amado muito. Tinha certeza de que tinham sido o amor da vida um do outro. A culpa tinha sido dela. Tinha fugido, espavorida, com medo da vida. Ou medo de ser feliz. Voltara a sua terra para esquecer aquela relação tão intensa como maravilhosa que a tinha feito viver os seus anos mais loucos. Tinha a certeza de que ele também sentira assim. Não acreditava que agora, mesmo com o coração já frio de amores e as carnes mais velhas não sentisse vontade de a ver. Nem que fosse só a curiosidade de ver se mudara. Mas a porta da rua ainda não se abrira. Continuava teimosamente quieta, por muito que olhasse para ela. Levantou um dedo acompanhado de um garçon, s’il vous plaît e atrás de si pode ouvir perfeitamente o som da porta a abrir-se…
Por Cláudia Moreira
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi