Na recta final do concurso Conte Connosco estou entre os 20 mais votados! Mas nada está decidido ainda! Não posso tomar nada como certo porque na verdade ate dia 31 de Dezembro tudo pode mudar! Por isso peço, a vocês que passam por aqui, que entrem neste link, leiam e votem se gostarem. Eu agradeço todos os votos, que não são mais que pedras na construção deste meu sonho!
O velho olhou pela janela e viu a noite cair. Apoiado numa bengala de pau-preto olhava o céu, as ruas, as casas onde se viam as janelas iluminadas e as árvores despidas. Atrás de si, outros velhos ocupavam o tempo como podiam. Os homens conversavam entre si, jogavam às cartas ou às damas, de caras sérias como se estivessem proibidos de sorrir. As mulheres que ainda tinham vista para tanto, tricotavam. Algumas falavam do preço do bacalhau como se na verdade isso lhes fizesse alguma diferença. Outras disfarçavam uma lágrima de saudade dos filhos e netos que não viriam nessa noite. Estavam todos presos ali. Nenhum deles tinha para onde ir ou para quem ir. A árvore de Natal, minúscula e que já tinha visto melhores dias, tinha luzes coloridas que piscavam e anjos e estrelas feitos pelas mãos dos velhos. Era o primeiro Natal que o velho passava sem a mulher. Fazia-lhe muita falta a companheira de mais de cinquenta anos. Não tinham tido filhos e por isso a família acabaria nele próprio. Sentia-se muito triste e a solidão enchia-lhe o coração. Na verdade era um sentimento partilhado com os outros velhos que passariam ali o Natal, abandonados pelas famílias e amigos. Todos sentiam o aguilhão da solidão no seu peito. Olhou novamente pela janela e viu as iluminações de Natal da rua. Eram anjos. O velho desejou que um anjo lhe trouxesse a mulher de volta. Desejou muito e uma lágrima traiçoeira desceu pelo seu rosto. Foi nesse instante que uma estrela brilhou intensamente no céu vestido de negro. O velho então rasgou um sorriso no rosto porque acreditou que era ela que lhe dizia:
- Gosto de ti meu velhote...
Cláudia Moreira
Texto de ficção escrito para a Fábrica de Histórias
Não cabe em mim todo o amor que te tenho
Transborda do meu corpo
Goteja para o chão da Terra
Um fio de água
Transforma-se depois num regato
Um rio
Por fim um imenso oceano
Cobre planícies, vales, montanhas
A Terra inundada
O mundo é afinal muito pequeno
E pequeno
Deixa tombar este sentimento para o Universo
No espaço infinito
Um oceano inteiro de amor por ti
Não cabe em mim todo o amor que te tenho
Sufoca-me
Liberta-se do meu peito
Ergue-se no ar e consome todo o oxigénio da Terra
Liberta-se da atmosfera e atinge as estrelas
Que brilham agora mais intensamente
Desembaraçadas do pó estelar
Por este sentimento sincero
Límpido
Não cabe em mim todo o amor que te tenho
Solto-o. Liberto-o. Desobrigo-o. Exalo-o.
Ofereço-to.
Cláudia Moreira
Dezembro 2011
E antes que vá toda a gente empaturrar-se de rabanadas e filhoses, fica aqui o meu desejo sincero de que passem um excelente Natal! Que seja apenas cheio de sorrisos e coisinhas doces e que as preocupações e os problemas emigrem até à semana que vem!
imagem retirada do blog Junkeira
Podem ler um texto meu no Junkeira e aproveitem para visitar o blog pois vale muito a pena!
“Eram oito da noite e lá fora a escuridão era completa. Era normal ser assim na noite de Natal. Os meninos órfãos olhavam todos pela janela para o céu estrelado à espera de o ver chegar. O tempo foi passando e não viram chegar o tão aguardado barbudo vestido de vermelho. Os adultos, pais e mães de faz de conta, chamaram-nos para jantar. Na mesa tinham apenas a sopa do costume, o pão do costume e água do costume Na mesa não havia nenhum bacalhau, nenhuma batata nem nenhuma rabanada ou aletria. Os meninos órfãos e os pais de faz de conta juntaram as mãos em redor da mesa, fecharam os olhos e agradeceram a Deus o pão de cada dia como faziam todos os dias. Obrigada meu Deus pelo pão que nos dás em cada dia. Dentro dos seus corações a certeza de que o pouco que tinham era uma graça divina. Foi mais ou menos aí nesse momento que o cheiro do bolo-rei lhes chegou às narinas e eles não resistiram a abrir os olhos. A mesa estava linda, farta de coisas boas e na janela ainda se via um clarão. Alguns que correram depressa ainda tiveram tempo de ver um rasto de luz intenso a desaparecer no infinito.”
Mini-conto de Natal por Cláudia Moreira
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi