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itália
Durante algum tempo permiti-me estes estados oníricos. Sonhar acordada era bom e era de graça. Não havia neles o peso de saber que jamais se tornariam realidade. Tudo parecia ser possível fazer acontecer... Agora sei que este será um dos que nunca sairão do baú dos sonhos. Será apenas isso, um sonho bonito que gostei muito de sonhar...
E na verdade os sonhos bonitos são apenas aqueles em que sonhamos acordados. Só nesses temos controlo absoluto do cenário, dos personagens e de todo o argumento.
Neste meu sonho recorrente, demasiado recorrente, via-me sempre numa varanda como aquela ali em cima. Seria velha já, com muitas rugas nos cantos dos olhos, algumas nos cantos da boca e o cabelo seria todo branco. Mesmo branco seria comprido e a brisa de final de tarde faria com que se agitasse ligeiramente. Usaria um vestido comprido, provavelmente branco pérola e umas sandálias leves e muito usadas.
No meu sonho passo os dias sem ter que trabalhar como qualquer outra pessoa reformada. A grande diferença é que teria tido dinheiro para comprar uma pequena casa numa ilha italiana. A casa seria pequena e branca, teria portadas verdes e um alpendre. A casa seria numa encosta e teria uma escada íngreme, com corrimões de madeira até à praia lá em baixo. O mar seria muito azul e a praia praticamente deserta.
A minha vida na ilha seria muito tranquila, rodeada de mar e de natureza verde. Sentar-me-ia todos os dias num cadeirão confortável e na pequena mesa na varanda teria sempre livros e um caderno para escrever tudo o que me viesse à cabeça. Até onde a vista alcançava seria mar azul e nos meus ouvidos só precisariam de entrar os chilreios dos pássaros. O cheiro das bungavileas e de outras flores que teriam a liberdade de crescer por ali.
Depois os meus filhos viriam visitar-me e trariam os netos. Faríamos almoços tranquilos sob a luz do sol e depois desceríamos todos em alvoroço até à praia onde o mar nos refrescaria do calor da tarde. Depois quando regressassem às suas vidas voltaria o silencio e a tranquilidade e a saudade. No meu sonho também teria muitas saudades...
No meu sonho o tempo não tinha relógio e não era preciso andar sempre a correr atrás de tudo e de nada. Os dias correriam sem pressa, respeitando os amanheceres, as manhãs e as tardes e o anoitecer seria para ser apreciado devagar. Teria tempo para pensar, para admirar a natureza e teria tempo para ler tudo o que agora não consigo ler. Teria tempo para escrever o livro que me faria ter algum sucesso, mesmo que póstumo. Teria tempo para viver em plenitude até que a morte me viesse buscar...
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...quando eu for abrir a janela à espera de encontrar o mundo como sempre o conheci, vir que nada está como estava antes? Se nessa manhã o céu não for azul e o sol não for dourado? E se as arvores não forem feitas de madeira castanha e as folhas verdes? E se as joaninhas já não forem vermelhas com bolas pretas e se a água já não for transparente? E se a relva deixar de ser verde e as magnólias deixarem de florir em árvores? E se os rios subirem em vez de descerem e o mar deixar de ter marés? E se a Lua deixar de se ver e as estrelas deixarem de brilhar? E se o mundo estiver virado do avesso?
E se uma destas manhãs eu já não conhecer os Homens? E se os sorrisos já não forem verdadeiros e as lágrimas deixarem de correr pelos rostos? E se já não puder acreditar em ninguém? E se a confiança deixar de constar nos dicionários e o respeito deixar de ser sequer uma palavra mas só e apenas uma amálgamade letras amontoadas? E se quem era simpatico deixar de o ser? E se uma destas manhãs eu olhar dentro dos olhos de alguém e não conseguir ver mais do que o vazio, a falta de consciência e de sentimentos?
E se uma destas manhãs eu perder por completo a fé na Humanidade...?
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No meu corpo estás tu
Dentro de mim, fora de mim, em mim…
Para sempre…
Nos meus lábios o gosto adocicado
Dos teus lábios carinhosos… ansiosos…
Para sempre…
Na minha boca ainda a tua língua
Segura e quente… num pedido urgente…
Para sempre…
Na textura dos meus dedos
Os teus dedos suaves… irrequietos…
Para sempre…
Nos meus ouvidos o som da tua voz
Quente, envolvente a dizer palavras de amor…
Para sempre.
Nos meus negros e longos caracóis rebeldes
Ainda a urgência quase bruta dos teus dedos…
Para sempre.
O teu perfume aprisionado em cada poro
Da minha pele, agrilhoando-se a cada fino pêlo meu…
Para sempre…
Na minha branca epiderme estás tu
Intensa e profundamente tatuado…
Para sempre.
Para sempre.
Cláudia M.
*Poema que escrevi para fazer parte de um texto do meu blog "Coisas Minhas".
Beijos, muitos,
Com amor.
c.m.
Post-scriptum: Já tinha dobrado a folha em três com todo o cuidado… Já a tinha colocado dentro de um dos envelopes especiais que uso para te escrever... Já tinha decidido não pensar mais em ti… Já tinha despido a roupa que tinha usado nesse dia que ainda trazia o teu perfume. Já tinha entrado na banheira, o vapor da agua quente a envolver-me o corpo… já sentia a água a cair no cabelo, nas costas, no peito, a descer pela barriga, a passar livremente pelo pequeno triangulo negro, a descer numa carícia longa pelas coxas e sempre até aos pés… E foi então que senti uma vontade incontrolável de te ter perto… De sentir novamente as tuas mãos macias no meu corpo, fazendo-o sentir coisas que mais ninguém fazia sentir… De sentir o teu beijo lento, quase tântrico… de sentir a tua urgência ali tão perto da minha urgência… Fechei os olhos e imaginei que estavas ali comigo…que me dizias que era tudo um engano e que querias fazer amor comigo uma única vez a noite toda ou muitas vezes na noite toda… e que não importava que não dormíssemos nem importava que gritássemos e não importava que relampejasse e trovejasse, nem importava que o mundo acabasse…E beijavas-me a boca, o pescoço, o peito e todo o meu corpo… E dizias que me amavas... Que me amarias para sempre...
Depois abri os olhos e estava sozinha e a água continuava a correr pelo meu corpo e a desaparecer no ralo da banheira… Envolvi-me numa toalha que tinha sido a tua toalha e ainda molhada escrevi estas palavras…Não sei a razão mas apeteceu-me partilhá-las contigo. Por isso abri novamente o envelope, desdobrei a carta e agora escrevo-as… São para ti… São para que saibas que jamais te esquecerei…
No meu corpo estás tu
Dentro de mim, fora de mim, em mim…
Para sempre…
Nos meus lábios o gosto adocicado
Dos teus lábios carinhosos… ansiosos…
Para sempre…
Na minha boca ainda a tua língua
Segura e quente… num pedido urgente…
Para sempre…
Na textura dos meus dedos
Os teus dedos suaves… irrequietos…
Para sempre…
Nos meus ouvidos o som da tua voz
Quente, envolvente a dizer palavras de amor…
Para sempre.
Nos meus negros e longos caracóis rebeldes
Ainda a urgência quase bruta dos teus dedos…
Para sempre.
O teu perfume aprisionado em cada poro
Da minha pele, agrilhoando-se a cada fino pêlo meu…
Para sempre…
Na minha branca epiderme estás tu
Intensa e profundamente tatuado…
Para sempre.
Para sempre.
A minha palavra para ti é amor. Depois mais duas: para sempre!
Beijos com sabor a saudades perpétuas...
Com amor.
c.m.
Texto de ficção escrito por Cláudia Moreira para a Fábrica das histórias
Depois de um grande período sem ter que lá pôr os pés, hoje tivemos que ir às urgências. O André andava há algum tempo cheio de tosse, febre que ia e vinha, mau estar no corpo, mucosidades até dizer chega, uma gripe que não queria embora com o habitual antigripe. Por isso hoje pusemos os pés ao caminho, não dava para adiar mais. O encontro com um dos nossos queridos médicos do sistema hospitalar público não correu mal, era simpático e ainda ficamos por lá a fazer uma nebulização. Ele, não eu, é claro:)
Esperemos agora que não tenhamos trazido do hospital, além da receitazinha habitual, nenhuma outra doença que às vezes se encontra perdida pelos corredores dos hospitais...
Nas Correntes d’Escritas acontecem muitas coisas: debates, lançamentos de livros, convívios à mesa e fora dela, visitas a escolas secundárias, exposições, recitais de poesia e música, noitadas no bar do hotel, etc. Mas, embora tudo isso faça parte daquilo a que se chama o “espírito das Correntes”, as pessoas juntam-se na Póvoa de Varzim essencialmente para assistir às mesas redondas no Auditório Municipal. A lista dos respectivos temas, convidados e moderadores, anunciada hoje, é a seguinte:
Dia 23 (quarta-feira)
17h00 – 1.ª MESA: «Falta futuro a quem tem no presente as ambições/passadas»
- Aida Gomes
- Almeida Faria
- Eduardo Lourenço
- Fernando Pinto do Amaral
- Maria Teresa Horta
- Ricardo Menéndez Salmón
Moderador: José Carlos de Vasconcelos
Dia 24
10h30 2.ª MESA: «Eu começo depois da escrita»
- Ignacio del Valle
- João Paulo Cuenca
- Júlio Conrado
- Karla Suarez
- Maria João Martins
- Miguel Miranda
Moderador: Carlos Vaz Marques
15h00 3.ª MESA: «A minha arte é uma espécie de pacto»
- David Toscana
- Juva Batella
- Luís Represas
- Manuel Jorge Marmelo
- Mário Lúcio Sousa
- Ricardo Romero
Moderador: Rui Zink
17h30 4.ª MESA: «Nua de símbolos e alusões é a poesia»
- Ana Luísa Amaral
- Carmen Yáñez
- Conceição Lima
- Gastão Cruz
- Ivo Machado
- Uberto Stabile
Moderador: Francisco José Viegas
Dia 25
10h30 5.ª MESA: «As palavras são apenas uma memória»
- César Ibáñez París
- Ignacio Martínez de Pisón
- João Paulo Borges Coelho
- Mário Zambujal
- Nuno Júdice
- Rui Zink
Moderador: João Gobern
15h00 6.ª MESA: «Espalho sobre a página a tinta do passado»
- Alberto Torres Blandina
- António Figueira
- Francisco José Viegas
- Inês Pedrosa
- Maria Manuel Viana
- Paulo Ferreira
Moderador: José Mário Silva
17h30 7.ª MESA: «A obra que faço é minha»
- Álvaro Magalhães
- David Machado
- Francisco Duarte Mangas
- João Manuel Ribeiro
- José Jorge Letria
- Vergílio Alberto Vieira
Moderador: Ivo Machado
Dia 26
10h30 8.ª MESA: «Não há palavras exactas»
- José Manuel Fajardo
- Kirmen Uribe
- Nuno Crato
- Pedro Vieira
- Raquel Ochoa
- valter hugo mãe
Moderador: Onésimo Teotónio Almeida
16h00 9.ª MESA: «Nada no mundo deve ser subestimado»
- António Victorino d’Almeida
- Luis Sepúlveda
- Manuel Rui
- Mário Delgado Aparaín
- Onésimo Teotónio Almeida
- Yvette K. Centeno
Moderadora: Maria Flor Pedroso
Retirado daqui.
Ontem, finalmente, fui ver o filme. Confesso que tinha lido algumas opiniões e ia um pouco a pensar nelas, talvez até ligeiramente influenciada. Depois de o ver e digerir, posso dizer que adorei o filme! Não importa se a história não é nova e se tem pouco conteudo, importa apenas a forma como foi tratada neste preciso filme. A Natalie esteve à altura da nomeação para o Oscar e se o ganhar será merecido. Sei que gosto de um filme quando pelo meio sinto ganas de entrar dentro dele e falar com os personagens, dar-lhes uns abanões!!!
Portanto, Ladies and Gentlemen, ide ver, ide que vale bem a pena!!!!
Olho, triste, pela janela e já é noite cerrada
A chuva cai na vidraça, atormentada
Fustiga as árvores semi-nuas do jardim
Está um frio cortante também dentro de mim
No peito um órgão que já não bate desenfreado
Nem se importa que esteja quase morto, gelado
Olho-o bem, com muito mais atenção
E percebo que ainda é Inverno no meu coração
Lá dentro de mim o céu está sempre cinzento
E a nuvens pintadas de um tom pardacento
Os rios engrossam com cada chuvada
E a alegria há muito que se perdeu na enxurrada
Grossas gotas pendem das folhas que sobram
Sonhos nelas diluídos hesitam um pouco e tombam
E ali entre a relva húmida os sonhos ficarão esquecidos
Destinados a nunca, nunca virem a ser cumpridos
Os pássaros já não chilreiam nem acasalam
Assim como as saudades já não me abalam
Afinal já nada é para ficar, já nada é eterno
Pássaros e pessoas abalam sempre no Inverno
Os cortantes ventos gélidos que vêm do norte
Trazem consigo tristes anúncios de morte
Morrem sentimentos a cada dia que passa
Mata-os, impiedoso, o vento que os envolve e abraça
E as lágrimas rolam e deixam-me o rosto molhado
Encosto-as à janela que desaparecem no vidro gelado
Tenho tanto frio e ainda é Inverno dentro de mim
Desespero sem saber se um dia este Inverno terá um fim…
Cláudia M.
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi