Eu era muita gira e fashion ou quê??????
(a minha mãe garante que eu era a mais gira das redondezas)
Eu gosto de ter amigos. Eu gosto muito de ter amigos. Infelizmente nunca tive muitos. talvez nem poucos. Os da infância e adolecência foram desaparecendo levados por caminhos diferentes do meu. Ou talvez nunca os tenha tido. Talvez tenham sido apenas companheiros de alguns tramos da viagem da vida.
Hoje tenho amigos. Vieram de um sitio de onde nunca imaginaria que viriam. Do mundo! Fantástico não é? Eu acho! Tenho amigos em alguns pontos do mundo! E não me estou a referir a amizade de olá boa tarde tudo bem. Estou a falar de amigos sinceros e verdadeiros com quem me correspondo assiduamente. Amigos que já atravessaram o Atlântico para me virem ver! Também falo dos amigos que tenho portugueses e que por muito que o nosso país seja pequeno é sempre grande, e que por isso também é a rede que serve de suporte para falarmos e sabermos uns dos outros. A esses vejo-os algumas vezes no ano e é sempre como se nos vissemos todos os dias. Também tenho amigos cá na terra, aqui mesmo a poucos quilómetros de mim, mas que também foi a rede que nos juntou. Continuo a achar isto maravilhoso por muito tempo que passe. E tenho uma espécie de gratidão a quem inventou a internet, as redes sociais e todas essas coisas da vida moderna, porque me deu a possibilidade de conhecer pessoas maravilhosas, amigos sinceros que estão sempre por perto mesmo estando longe. Gosto muito de todos eles e sou cada dia um bocadinho mais feliz por causa deles!
Por isso, estes amigos, que estão longe da vista, estão e estarão para sempre dentro do meu coração.
Esta noite sonhei que tinha ido ao médico e ele, durante a consulta, tinha descoberto que eu tinha um problema qualquer no maxilar inferior. Nem me deu tempo de pensar no assunto, mandou-me deitar numa mesa de operações practicamente despida! Dois minutos depois não sentia dor mas sentia o corpo. E estava a sentir-me a ser esburacada sem dó nem piedade. E era com uma broca do género de fazer furos na parede!!! E eu, além de estar apavorada com a broca só pensava nas dores que iria sentir depois do efeito da anastesia passar...
Depois disto só posso pedir a Deus me mate de uma vez só e não me faça deitar numa mesa de operações, nem que seja para tirar um sinal!!!
Hoje lembrei-me das horas que passei pelos caminhos velhos da minha aldeia à procura de folhas pintadas de cores outonais. Folhas lindas pintadas por excêntricos pintores imaginários. Eram folhas para pendurar nas paredes da escola. Uma mudança de estação implicava uma mudança de decoração! Isto passou-se em tempos em que a liberdade não era apenas uma palavra e as crianças podiam ser crianças pelas ruas, correndo, rindo, chapinhando nas poças de água, comendo amoras nas bermas da estrada e em que só se voltava à casa perto do anoitecer, cansadas, sujas mas felizes. Eram tempos em que simplesmente se era criança e isso bastava para ter um sorriso de alegria no rosto!
Porque será que a vida nos dá algumas pessoas de presente se depois não podemos ficar para sempre com elas???
...you don't have anything better to do....You can always read me...
(é ficcional, mas é o que penso mesmo!!!! e indigna-me mesmo este assunto!!!)
Ser verdade que tenho razão….ou não ser. Uma dúvida no coração, uma pergunta constante na boca. Penso que tenho. Tenho a certeza de que tenho.
O João quer um filho. Eu não quero. O João diz que sou egoísta. Eu digo que não. O João diz que é injusto e nisso até concordamos, porque o é, mas para mim.
Começamos a namorar há cerca de dois anos. Uma relação de brincadeira depressa se transformou numa relação concreta. Um mês depois de nos conhecermos o João mudou-se para minha casa. De filhos não falamos mas ele sabia de sobra a minha opinião. Eu tenho um filho a caminho dos vinte anos e o tempo de bebés e fraldas e papas já ficou para trás. Tenho praticamente quarenta anos e apesar de adorar o meu filho não me vejo novamente a passar pelos primeiros anos de vida de um filho.
Para mim uma mulher quando tem um filho recebe uma dádiva, mas, para que o seja efectivamente é preciso que esteja pronta. É preciso que esteja preparada porque depois da notícia da gravidez a vida de uma mulher muda tanto como se fosse viver para outra galáxia e se não estiver, poderá ser o contrário de uma dádiva, poderá ser uma fonte angustias. Nesse momento a mulher ainda não sabe, apenas está feliz, mas mais tarde verá que um filho muda o mais profundo de nós, interno e externo. Nunca mais uma mãe tem um minuto de relaxamento puro porque aquele ser que depende de nós nos enche a mente completamente, amedronta-nos o coração, faz-nos viver em alerta constante. É uma vida que está ali por nossa causa e pela qual somos responsáveis. E que não fossemos, amámos essa vida mais do que a nossa e isso por si só é uma prisão eterna. Depois a parte externa também representa uma boa dose de preocupações. O choro do bebé, as incertezas de mãe, os hematomas na cabeça, as gripes e a varicela. As alergias, as mãos a procurar tudo no chão. As brincadeiras perigosas, os estudos, os amigos que nunca sabemos quem são, os perigos eminentes desta nova era. As primeiras paixões, as suas lágrimas, o futuro incerto, a falta de emprego. Nada disto é fácil de gerir por muito que amemos os filhos. Uma mãe nunca dorme, nunca relaxa. E se tiver dois filhos tudo isto duplica e se tiver três triplica e por aí adiante.
E eu já não tenho condições para duplicar estas preocupações na minha vida. Anos e anos de luta deixaram-me esgotada.
O João diz que divide tudo comigo. Um homem nunca consegue dividir esta carga com a mulher. Pode ajudar, se for uma pessoa justa, se gostar dela e dos filhos, mas dividir a meio como ele faz crer não é possível. É a mãe que está sempre lá quando é preciso. É a mãe que carrega a criança, é a mãe que pare, é a mãe que amamenta, é a mãe. A mãe é a mãe, insubstituível.
O João acha que por não ter filhos tem o direito de me obrigar a tê-los. Acha que lhe devo isso. Pergunto-lhe então se acha que devo ter um filho por obrigação. Diz o João que se nos amamos é por amor. Eu digo-lhe que por amor então ele também aceitaria não ter filhos, por amor a mim. Mas o João insiste que o estou a privar de ter um filho. Eu digo-lhe que o pode ter com outra qualquer.
Raramente me sinto assim, indignada com ele. Mas agora sim, sinto-me indignada com ele. O corpo é meu, a vida é minha. Os homens podem permanecer ou não na vida das mulheres, os filhos ficam para sempre. Não me sinto com capacidade para pôr mais um filho no mundo. Não consigo abdicar da minha recente liberdade conquistada com o crescimento do meu filho. Não me sinto capaz de voltar a estar presa a um criança indefesa por mais dez ou quinze anos. Não me considero egoísta, apenas honesta com o meu eu. Custa-me pensar que este homem que diz amar-me me põe entre a espada e a parede. Custa-me pensar que alguém é capaz de achar egoísmo uma escolha de vida. Então também poderei considerar egoísmo alguém querer que eu passe nove meses grávida a agoniar, horas em trabalho de parto, noites e noites sem dormir, fraldas e biberões, galos e varicelas durante os anos que possivelmente serão os únicos que terei com saúde antes da velhice pura?
Não vamos conseguir concordar. Talvez tivesse sido bom falarmos nisso antes… Assim não haveriam desejos defraudados e lágrimas dolorosas. Talvez seja esta a nossa última discussão.
Retiro disto tudo que não adianta amar muito o nosso companheiro. Os nossos desejos estarão sempre primeiro. E além disso, da próxima vez que alguém me convidar para um café pensarei sempre duas vezes ou levarei comigo um questionário completo para preencher com todas perguntas, tentando antever todos os cenários possíveis e imaginários!!
Texto de ficção escrito para a Fábrica de Histórias, Cláudia Moreira.
Uma mãe não é apenas mãe, mas sim muitas outras coisas. Acumula para cima de uma dezena (senão mais) de trabalhos e eu neste momento estou a tomar um café porque estou na pausa do trabalho de motorista!
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi