Por vezes os amigos fazem anos e por vezes somos convidados a participar nas comemorações. Por vezes não é preciso nada de muito especial. Por vezes basta um restaurante simples mas simpático e com boa comida.
Por vezes não é preciso ir a uma discoteca chique para nos divertirmos. Por vezes basta ir a um lugar bonito bem português.
Por vezes basta sem querer tropeçar num espetáculo de rua e ver que é super interessante. Por vezes basta uma boa conversa com amigos de sempre, fazer alguns novos. Por vezes basta uma bebida fresca,
uma conversa amena e o coração cheio de amigos para que a noite seja perfeita:)
*todas as imagens foram retiradas da net
Querido,
Esta noite sofri como não me lembro nunca de ter sofrido... Esta noite foi das noites mais difíceis da minha vida, das mais negras... Querido, foste embora e eu fiquei sozinha na noite, perdida entre os fantasmas do passado. As horas sucederam-se e eu sem conciliar o sono. As saudades fizeram doer cada centímetro da minha pele, cada fio do meu cabelo... Não conseguia tirar da cabeça a imagem dos teus olhos profundamente verdes procurando os meus numa ansiedade imensa, do teu rosto inteiro e perfeito tão perto do meu. Não conseguia deixar de imaginar-te perto de mim como em tantas e tantas noites que passamos juntos, noites em que querias estar tão perto de mim quanto era humanamente possível. Doeu sentir saudades dos teus lábios pousados nos meus, desejando sofregamente mais e mais. Os teus lábios na minha pele dourada pelo sol. Ah, meu querido, é insuportável pensar que jamais sentirei i sabor da tua boca, da tua pele ligeiramente salgada depois de horas de paixão. O meu peito que não sentiu o teu toda a noite e quase sufocou. Lembrei cada detalhe dos teus dedos quando de forma suave querias sentir a minha pele do pescoço e dos ombros e delicadamente ias descendo até seres dono de todo o meu corpo. Preciso tanto que voltes para atenuar esta dor feita de uma saudade imensa. Preciso de voltar a sentir o amor imenso das noites que passamos em claro, descobrindo o corpo um do outro, entregando-nos um ao outro sem pudor mas com uma paixão desmedida… Lembras-te de cada vez que pensávamos ir dormir e nos tocávamos inocentemente? Lembras-te como isso era suficiente para nos despertar para mais uma noite de loucura e paixão? Tenho saudades, querido…repito-me bem sei, mas tenho tantas saudades…quero beijar-te, beijar-te tanto até perder a respiração….quero amar-te tanto que não sejas capaz jamais de me deixar….
Foste embora e eu fiquei só. A noite toda a pensar na tua ausência, a senti-la como uma faca espetada no peito... Na madrugada a dor física foi-se desvanecendo e a dor da alma atacou em força. Não há nada capaz de atenuar esta dor…nenhuma lembrança, o teu cheiro na minha almofada, na minha camisola que não tenho coragem de lavar…Nada, nada é capaz de apagar esta saudade…. Não consigo deixar de lembrar as tuas mãos brancas e macias enlaçadas nas minhas. A tua barba quase sempre por fazer a roçar o meu rosto, fazendo sempre com que eu solte um risinho de adolescente. Dá-te um bom ar a barba, um ar de desprendimento pela vaidade e coisas materiais que eu tanto aprecio…. Já to disse antes, penso, mas repito-to agora mais uma vez meu querido…és tão belo, és tão perfeito… não saberei agora viver sem ti… Nem nunca…
Querido, quem me virá agora dizer bom dia no ouvido? Um bom dia murmurado mas que no meu coração soava como a voz mais belamente timbrada do mundo? Quem me dirá agora palavras de amor? Quem me fará rir? Quem agora me segurará na mão em dias de tempestade? Quem me virá beijar a testa com um sorriso capaz de derreter a maior montanha de gelo do mundo? Adoro esse gesto…Não serei capaz de viver assim….Sem ti…
Ainda não me levantei da cama…Não me apetece. Estou aqui apenas a tentar que nenhuma das memórias que guardo de ti se consiga escapulir pela janela. Não a irei abrir mais, a janela. Não quero. Quero continuar a sentir as tuas mãos no meu corpo, a tua boca na minha boca. Quero continuar a sentir o teu cheiro deliciosamente inconfundível. Quero continuar a sentir-te, inteiro.
Sabes? A vida perdeu a cor. A saudade dói. E sei que nenhum dia jamais será dia porque a escuridão tomou agora conta da minha vida… como pode voltar a ser claro sem ti? Não poderá jamais… Nunca… Será noite para sempre…
Amo-te daqui até à lua e depois da lua até aqui.
Saudades de ti
M.
Texto de ficção escrito para a fábrica das histórias por Cláudia Moreira
...junto letras por aqui....
Abro-te quase a medo
Deixo-me levar pelo encanto
De descobrir os teus mistérios
Cheiro o teu cheiro a seiva e a natureza
E perco-me em ti
As tuas páginas brancas debruadas a negro
Assim abertas, generosas
Libertam ideias que mais ninguém sabia existirem
Letras unidas para nos fazer entender os seus segredos
Deixo-as então voar ao sabor de uma brisa do mar
Ide, sois livres, agora sois livres
Podeis voar, correr mundo
Mostrar-vos a todos que vos queiram abraçar
Beijar quem vos quiser amar
Ide, ide, agora sois livres e já não pertencem a ninguém…
já viram como estão deliciosamente abertas as magnólias? como são tão lindas na sua simplicidade? como têm cores belissimas e texturas suaves? já viram como se abrem generosamente para o sol e irradiam beleza e frescura? ide e vêde. elas estão aí por todo o lado. deliciem-se!
não??? ai ai a minha vida. já passaram tantos dias e não vim contar a novidade:)
pois é, como andava com saudades dos amigos e da cidade, fiz a mala e lá fui eu à boleia (isto quem tem amigos não morre na cadeia, muito agradecida miguel)
Queria ver isto
e isto
e depois andei por aqui
tomei café com este meu amigo
e vi lisboa dali de cima
e depois vi as minhas queridas amiga helena e raquel (vocês sabem bem quem são) a quem tenho que agradecer muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito a hospitalidade (eu sei que quase vos obriguei:P) e o carinho com que sempre me recebem. um beijo muito grande para vocês minhas queridas amigas do coração
Foi como se tivesse estado fechada numa masmorra
Foi como se nunca tivesse sentido o calor do sol
Nem o cheiro do mar
Nem a brisa do fim de tarde
Foi como se nunca tivesse sentido a força de um beijo
Nem a ternura de um abraço
Nem o amor inteiro num olhar
Foi como se nunca tivesse vivido
Depois,
Num dia de Abril, revoltada tirei as algemas
Cortei as grilhetas e explodi
Na violência do acto não ficou pedra sobre pedra
Pude então ver o mundo inteiro como nunca tinha o visto
Pude então senti-lo, absorve-lo, bebe-lo,
Um mundo inteiro só meu, inteiro só meu
As pessoas e as coisas e o sol e o mar
Estava livre finalmente livre para poder sentir
Sem paredes feitas de preconceito e ideias feitas
Sem falsos pudores, sem críticas destrutivas
Estava livre finalmente para poder VIVER
pois...hoje foi no coisas minhas:)
imagem retirada da net
No computador a imagem parada de uma folha de Word ainda em branco. Na secretária roída pelo bicho da madeira uma imensidão de papéis por arrumar, que faziam duvidar de eficiência do sujeito sentado na grande cadeira preta já muito gasta e rota. No cinzeiro um cigarro a consumir-se sozinho. A lâmpada no tecto iluminava mal. Apenas o suficiente para que se visse o sitio das coisas. A janela ainda aberta mostrava a cidade iluminada.
Miguel vestia uma camisola de manga curta branca que já tinha visto lixívia …. Em tempos idos. O ar estava impregnado de cheiro a tabaco, perfume barato odores corporais. Miguel tinha as mãos apertadas uma na outra atrás da nuca e olhava pensativamente para a folha em branco.
Nenhuma ideia lhe ocorria. Nada.
“Maldito consultório sentimental.” Tantas choronas a pedir conselhos idiotas com pensamento idiotas
Mais uma vez tentou imaginar uma resposta politicamente correcta para dar aquela mulher que perguntava se poderia engravidar porque beijou o namorado. Também poderia ser gozo. Miguel achava impossível que alguém pensasse isso verdadeiramente. No entanto tinha que responder, não importava nada a sua opinião. Todos os dias lhe chegavam histórias fabulosas incríveis de tão parvas que eram. Todos os dias os emails lhe entupiam a caixa de entrada e a caixa do correio estava atafulhada de cartas cobertas de caligrafia quase analfabeta. Era triste. Sentia-se frustrado. Era um trabalho que não servia para nada. Nem ajudava ninguém, gozavam com ele e ganhava uma porcaria. Estava tudo mal. Sentia-se mal.
Pegou no casaco e saiu para a rua. Precisava de arejar. Estava escuro e não conseguia encontrar nenhum café aberto para comprar cigarros. Pelo menos o ar da rua ajudou-o a clarear as ideias…
“Que trabalho estúpido o meu….”
Miguel era boa pessoa. Aceitara aquele trabalho jornalístico porque tinha contas para pagar. Mas não era de todo o que gostaria de fazer. Nunca, em tanto tempo de faculdade, lhe tinha passado pela cabeça utilizar os seus conhecimentos de escrita para aquilo. Era quando uma desonra. Chutou uma pedra e doeu-lhe o dedo grande do pé. Um palavrão saiu-lhe entre-dentes.
“Se ao menos no meio de todos estes parvalhões alguém precisasse MESMO de ajuda…”
Dias depois teve uma surpresa quando chegou ao escritório. Uma rapariga esperava-o. Não teria mais de dezoito anos mas estava muito pintada e aparentava mais. Quando abriu a boca para dizer a primeira frase percebi que era uma pessoa pura da aldeia. Aquela capa de maquilhagem e roupas extravagantes era para enganar o primeiro olhar dos mirones.
- Preciso de ajuda senhor…
Miguel ficou sem saber o que dizer. Era a primeira vez que alguém o abordava. Era a primeira vez que tinha frente a frente alguém a quem respondera no consultório sentimental. Olhava para a rapariga e não dizia anda. Estava mudo.
- Preciso de ajuda….disse-me que deveria dizer ao pai do meu filho e agora ele escorraçou-me de casa e disse que nunca mais me queria ver…
As lágrimas corriam-lhe pela cara e Miguel teve uma vontade imensa de a abraçar, de a confortar. No entanto não se mexeu. Não fazia a mínima ideia de quem fosse a rapariga. Mesmo!
- Agora não tenho para onde ir, nem o que comer. Não sei o que fazer. Ajude-me senhor….eu confiei em si…
Miguel sentou-se e acendeu um cigarro. A rapariga mantinha-se de pé. Miguel olhou-a mais uma vez e fez sinal para que se sentasse na cadeira em frente à sua.
- Diga-me em primeiro lugar como se chama menina…
Uma expressão de surpresa atravessou-lhe o rosto. Miguel percebeu imediatamente que ela não estava à espera que ele não se lembrasse dela. Era ainda mais inocente do que tinha pensado.
- Margarida. O meu nome é margarida. Escrevi-lhe em tempos quando descobri que estava grávida. Não tenho pais, morreram. Também não tenho amigos porque vim da terra e não conheci ninguém ainda. Tenho estado quase escondida em casa… Quando lhe escrevi, imaginei que me fosse ajudar. Em vez disso correu tudo ao contrário.
A jovem mulher escondeu o rosto nas mãos e soluçou alto. Miguel não sabia como fazer, não sabia o que pensar sequer…
- Em que posso ajudá-la? Eu também não sei muito bem como fazer….diga-me o que posso fazer…
- Não sei…
Miguel olhou-a mais uma vez e sentiu uma pena infinita da rapariga. Ela estava sozinha, grávida, sem dinheiro, sem família. Desconfiava que se não a ajudasse agora ela se perderia no mundo e quem sabe que futuro seria o dela. Negro, disso não duvidava. Mas não sabia como ajudar… sentia-se impotente.
Levou -a para sua casa e deu-lhe de jantar. Fez a cama de lavado e cedeu-lha. Quando ela adormeceu ele ficou a olha-la durante muito tempo, depois deitou-se no sofá e passou a noite em claro sem conseguir conciliar o sono.
De manhã aconselhou-a a abortar. A esquecer o homem que a abandonara e a recomeçar tudo de novo. Margarida bateu a porta a chorar e Miguel não conseguiu deixar de a ouvir durante muito tempo na sua cabeça. Já tinham passado alguns minutos, ele não sabia bem quantos, quando se arrependeu do conselho. Tinha sido estúpido, muito estúpido. Miguel começou a correr sem parar, andou por muitas ruas, bateu a portas, perguntou a muita gente se a tinham visto e estava quase a entrar em desespero quando a viu. Margarida estava sentada no paredão da praia. Olhava o mar com uma expressão vaga de desalento.
- Margarida…desculpa….não faças o aborto. Não o faças…
Ela olhou-o como uma expressão interrogativa. Estava confusa e ele estava com um aspecto estranho. O suor corria-lhe pelo rosto cansado e o cabelo estava desgrenhado e as roupas coladas ao corpo.
- Margarida….vamos para minha casa. Podes lá ficar algum tempo. Vou ajudar-te. Tratas de ti e do bebé. Vais conseguir resolver a tua vida mesmo sem um pai para essa criança. Verás que sim. Vou ajudar-te no que puder. Não te vou desiludir.
Miguel não a desiludiu. Ajudou-a a encontrar uma casa de acolhimento, um trabalho. Ajudou-a com a amizade, com o carinho e a dedicação de amigo.
Depois, Miguel não conseguiu voltar a escrever para aquele absurdo consultório sentimental. Aproveitou os seus conhecimentos jornalísticos para escrever pequenos artigos para revistas sobre a maternidade, a parentalidade, as crianças órfãs, o aborto e muitos outros temas pertinentes, tentando sempre ajudar as pessoas a compreender e a encontrar a melhor forma de agir nos casos como o da margarida.
Miguel veste uma camisa branca, tão branca que fere a vista. Na sua frente uma secretária desarrumada e uma folha de Word em branco espera por ele. Pela janela aberta o sol entra morno acompanhado do riso fácil de duas crianças. Uma mulher pede silêncio para não importunar o trabalho do pai. Miguel sabe que ajudou muitas mulheres e homens desde aquela noite em que conheceu a Margarida e isso fá-lo sentir felicidade pura. Miguel ouve as crianças e sente uma alegria monstruosa. Um sorriso abre-se-lhe no rosto. Já sabe o que vai escrever!
Texto de ficção escrito para a fábrica das histórias por Cláudia Moreira
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi