Desejo a todos os que por aqui passam um Feliz Ano Novo!
Que este dia seja um marco na vida de cada um de nós, um ponto de viragem para um futuro melhor! Desejo que o próximo ano seja o primeiro dos melhores em todos os sentidos e que nos traga muitas alegrias!
E como o prometido é devido, cá estão algumas fotos da apresentação do livro. A fotos são da autoria de Rui Oliveira, um amigo querido que gosta muito desta arte.
Vou fazer a legenda:
Eu na dificil arte de autografar livros!!
A minha querida Helena, a Srª Vereadora e eu a tremer que nem varas verdes.
A Srº Vereadora que tão gentilmente leu um poema e eu a tentar saber o dizer a seguir...
As minhas declamadoras, por ordem de entrada no mundo:
Mana Rita Moreira
Mana Sandra Moreira
E a minha humilde pessoa...
imagem retirada da net
Depois de ele ter ter sido enterrado ela deitou-se no chão em posição fetal e chorou. E chorou. Mas por mais que chorasse não conseguia lavar a sua alma. Estava negra de dor e tristeza. Acabara de perder tudo. O marido, o seu casamento, o amor de uma vida. Já nada mais lhe restava. Apenas a morte que tardava tanto em chegar.
Como poderia viver sem a razão da sua existência? De que servia trabalhar, ter uma casa, amigos? De que servia ter uma vida que já não fazia sentido viver? De nada… já não fazia sentido.
A custo foi sobrevivendo, vegetando, fazendo de conta que vivia. Passaram alguns dias e sentiu-me mal. Pensou que era da tristeza. Sim, ela sabia que a tristeza às vezes também mata e não se importou. Só mesmo quando a levaram em braços para o hospital é que seu deu conta que algo de errado se passava. Mas também não se importou.
Quando lhe vieram dizer que esperava um filho foi como se tivesse levado uma pancada. Sentiu-se atordoada. Uma dor visceral atravessou-a de um lado ao outro. Só lhe apeteceu morrer. Um filho de um morto. Nada poderia ser mais terrível.
Voltou para casa e a custo comeu, dormiu, trabalhou, mas nunca pensou no que lhe estava a acontecer, apenas pedia ao ser supremo que a levasse para junto do marido. Não queria viver nem queria ficar ligada a alguém que lhe lembrasse o marido defunto.
E assim os dias e os meses foram passando, uma estação deu lugar a outra e o dia da criança nascer chegou.
Estava cheia de dores e só maldizia a sua sorte. Estava sozinha, pois não tinha permitido a ninguém que a acompanhasse. As dores eram muitas e ela só chamava pelo marido morto. As enfermeiras estavam aturdidas. Nunca tinham visto uma mãe tão triste. Aos pouco perceberam que era uma jovem viúva amargurada e não lhe invejavam a sorte. Mas também não compreendiam como poderia ela não querer aquele filho. Mas na verdade ela não queria aquele filho e não se queria a ela própria. Estava demasiado deprimida.
A hora estava mesmo a chegar, na cama do hospital ela contorcia-se de dores. Gritava mudamente. A parteira ajudou-a com o bebé, uma enfermeira deu-lhe a mão que ela agarrou furiosamente e outra limpou-lhe a testa molhada. E por fim o bebé nasceu. Era um menino.
Ela não conseguiu reter as lágrimas. Era um menino tão lindo, pequenino, frágil, indefeso. Puseram-no em cima do seu peito. Ela devagarinho tocou-llhe e sentiu a pele quente, o corpo macio de bebé. Um choro baixinho saiu da sua boca e as mãozinhas no ar em busca de algum apoio. Aos poucos abraçou aquele corpinho, embalou-o nos seus braços cansados. Encostou a cara à cabecinha do pequenino ser e fechou os olhos. A emoção invadiu-a em ondas reflectidas. De repente sentiu-se cheia de amor por aquela criança. Ali dentro daquele bebé minúsculo corria o sangue do amor da sua vida. Era fruto dele. O seu próprio sangue também corria dentro desse bebé. Com muito, muito amor, eles tinham feito uma nova vida. As lágrimas secaram como por magia. O peso no peito desapareceu. Um sorriso tímido surgiu nos seus lábios. Sentiu o pulsar do pequeno coração no seu peito e viu pela primeira vez em muito tempo um raio de sol a entrar pela janela.
Quando lho tiraram do peito para o levar para limpar e vestir pareceu-lhe a ela que lho arrancavam à força. Tantos sentimentos que de repente mudaram dentro de si. A tristeza deu lugar à alegria, a raiva deu lugar à tranquilidade, a revolta deu lugar à paz e a angustia deu lugar a um amor enorme por aquela criança. Sentiu que nascia de novo juntamente com aquela criança. Sentiu que a alegria de viver nasceu de novo com aquele menino. Sentiu que a vida lhe deu uma segunda oportunidade de ser feliz. Aquele menino era uma vida nova e ao mesmo tempo era a continuação daquela que perdera. Sentia-se me paz, finalmente.
A enfermeira veio trazer um embrulho onde espreitava um rostinho minúsculo e perguntou como se iria chamar o bebé.
- Gabriel, como o pai…
Texto de ficção escrito para a Fábrica das Histórias
Autor: Cláudia Moreira
Lembro-me de colocar o sapatinho debaixo da árvore e de esperar tão ansiosamente pela manhã do dia 25 de Dezembro que mal conseguia adormecer. Na minha casa não havia pai natal, era o menino Jesus que nos trazia prendinhas se nos portássemos bem durante o ano inteiro. O menino estava atento e na madrugada do dia de Natal, deixava debaixo da árvore os presentinhos tão aguardados. Fui filha única durante 6 anos, depois as manas foram chegando e a alegria triplicou! Durante algum tempo éramos três a acordar por voltas das três da manhã, ainda nem os galos tinham cantado, correr para o pinheiro e abrir presentes e comer chocolates! Era certo que também a essa hora os meus pais deixavam de poder dormir, porque íamos as três experimentar panelinhas e bonequinhas para cima da cama deles. As vezes ainda dormíamos um bocadinho mais, outras nem por isso.
No dia 25 tínhamos sempre uma roupinha nova para estrear e íamos todas à missa do dia como se fosse Domingo. O presépio da igreja desviava-me sempre a atenção de tudo o resto, o menino Jesus, os seu pais, as ovelhinhas, o lago com água em movimento. Era tudo tão bonito! Depois do tradicional beijo no menino Jesus, que o padre limpava cerimoniosamente depois de cada beijo, íamos para casa tomar o pequeno-almoço onde não faltavam os bolinhos de cenoura, sonhos e pão-de-ló.
Naquele dia a velha televisão passava filmes de Natal onde a magia do Natal era rainha e nos fazia sonhar. Depois vinha a noite e íamos dormir e nessa noite já sonhávamos com o próximo Natal…
Não são muitas as vezes que olhamos para as coisas boas e as agradecemos. Muitas vezes não temos tempo nem paciência para olhar em volta. Neste Natal quero agradecer o amor, a amizade, o carinho que família e amigos me devotam. Quero agradecer os presentes, a comida, a roupa, a casa, todas as coisas que tenho a sorte de poder ir pagando com a saúde que tenho a sorte de ir tendo.
Neste Natal quero agradecer os sorrisos das nossas crianças e de todas em geral. Quero também agradecer por ter uma família que amo, amigos a quem tenho muita amizade. Neste Natal quero agradecer a Vida.
Quero agradecer aqui publicamente às minhas irmãs que no papel de Mães Natal, me ofereceram a máquina fotográfica que eu tinha pedido aqui por brincadeira. Elas sabiam que era uma coisa que eu gostava de ter e ainda não tinha podido comprar e por isso resolveram juntar-se para ma oferecer. Foi uma forma de me dizerem o que quanto gostam de mim. Se calhar não tanto pelo presente, mas pela lembrança de me fazerem um gosto, por me quererem ver feliz, pela amizade e carinho que sei que me têm. Andaram dias e dias a pensar e a planear e eu sem suspeitar sequer…tanto não suspeitava que nem lhes comprei nada para retribuir. Por tudo isto, muito obrigada maninhas. Sei que sabem, mas eu reforço, gosto muito de vocês, são e serão sempre das pessoas mais importantes da minha vida. Mesmo com diferença de idade, personalidade, opiniões, não imagino a minha vida sem vocês. São e serão sempre as minhas melhores amigas, confidentes e companheiras na vida. Para vocês deixo aqui um abraço do tamanho do mundo.
E pronto, passou mais um Natal…para o ano há mais, e só espero que seja tão bom como foi este…
Antes que se vão todos embora...
....deixo aqui os meus votos de FELIZ NATAL para todos!!!
(a foto venho cá colocar mais tarde)
O momento mais complicado foi sem duvida o momento em que tive que falar. Falei de improviso, apenas tendo em mente duas ou três coisas que gostava de dizer. Nunca em dia algum me achei capaz de o fazer. Eu mal me ouvi, mas sei que o nervosismo transpareceu na minha voz e sei que as minhas mãos não conseguiam estar quietas. Para disfarçar levei uma caneta na mão, além disso dá sempre um ar de intelectual!
Andei o dia todo com o estômago às voltas e mal consegui comer. A minha querida Helena e a sua boa disposição transbordante foi sem duvida quem apaziguou o nervosismo e me fez ter alguma confiança de que tudo iria correr bem. E correu!
Ataviada para a “guerra” lá fui eu para a biblioteca. A sala estava pronta à espera dos convidados. A minha família estava lá em peso e muitos amigos, alguns com quem eu até nem contava, o que foi uma óptima surpresa. Depois chegou a Dr.ª Marta, responsável pela biblioteca e logo depois a Sr.ª Vereadora da cultura, Dr.ª Elisa Ferraz. Nesta altura eu tremia por dentro e talvez por fora! Sentamo-nos todos e vi-me perante uma sala cheia e gente a olhar para mim, à espera de que eu falasse do motivo que os levara ali. A vereadora presenteou-me com palavras simpáticas de apoio, que eu agradeço muito e eu disse algumas palavras de agradecimento, contei um pouco da história do livro e tentei parecer à vontade e inteligente e segura. Não faço ideia se fui bem sucedida. Depois a Helena falou do fantástico projecto que é a Autores e sobre o livro. A ela tenho também que agradecer as palavras tão amáveis e simpáticas.
Depois a Rita e a Sandra, as minhas irmãs, leram poemas à escolha delas e foram muito aplaudidas. Falta saber se foram elas ou os poemas que tanto agradaram! Parece-me que foram elas!!
E por fim, o momento reservado a assinar os livros. Parecia mesmo coisa de filme, uma fila de pessoas com livros na mão e eu a assinar mais de meia centena de livros…
Por fim pude conviver com todos um pouco, menos do que seria desejável porque eram muitos amigos presentes, mas foi muito bom, muito mesmo. Ainda tive boas surpresas, pessoas com quem não contava que pudessem vir e vieram!
Os meus filhos estavam orgulhosos de mim o que foi sem duvida a cereja em cima do bolo, porque isso para mim vale mais do que tudo. Estiverem ali presentes, apoiando-me e mimando-me. São os melhores filhos do mundo, retribuindo o que eles me dizem muitas vezes, que sou a melhor mãe do mundo!
Estou feliz. Realizei um sonho e apresentação pública do livro foi sem duvida o desfecho perfeito para meses de ansiedade.
Obrigada a todos os que me ajudaram a tornar isto possível.
A.N.S.I.O.S.A
O nervosismo está definitivamente instalado. A ideia de ser o alvo de atenção de tanta gente deixa-me com mil borboletas no estômago, iguaizinhas ás que volteiam no nosso estômago no primeiro encontro com o rapaz mais bonito da escola... Sinto-me novamente uma menina pequena à espera do Pai Natal... Sinto o mesmo friozinho no estômago que se sente em dias de exames orais... Acho que no dia que casei não estava tão nervosa... hummmm.... Acho que já perceberam a ideia....
imagem da net
André - olha tirei sat + a ingles e 65% a mat...
Eu - Boalindo meninofico muito feliz por ti!
André - olha nu domingo vou sair...lol
Eu
imagem da net
Já estavam todos reunidos para ceia de Natal. Ele na cabeceira da mesa, a esposa andava ainda aos saltinhos da cozinha para a sala e da sala para a cozinha trazendo comida. Os filhos João e Joana estavam sentados do lado direito da mesa. Em frente os respectivos pares Maria e Miguel. Na frente dele os dois netinhos maravilhosos riam-se de tudo e de nada, dizendo patetices como só os meninos pequeninos conseguem dizer. Na mesa tinham imensa comida, um bom vinho para acompanhar e no final teriam sobremesas deliciosas prepradas durantes o dia pela prestável e carihosa esposa.
Sentia-se feliz. Já tinha esquecido o incidente com o mendigo que se acercara dele de tarde à saida da fabrica. Os negocios tinham corrido lindamente nesse dia, fizera um negócio que renderia bastante dinheiro e vinha ainda a sorrir qando tropeçou literalmente naquele ser maltrapilho. Vadios, pensou. Não sabem fazer mais nada senão pedir. O homem ainda se tinha tentado agarrar ao casaco dele, mas sacudiu-o ferozmente. Ainda por cima cheirava terrivelmente mal. Há muito que estes mendigos rondavam por ali. Se ainda fossem pobres verdadeiros como os que morrem de fome em África, mas aqui não há necessidade nenhuma disso. Têm bom corpo para trabalhar, dizia sempre ele.
- Senhor, não tenho casa nem familia...vivo aqui na rua....ajude-me por favor...
Virou-lhe as costas ostensivamente e foi para casa. A familia já o esperava para a ceia e na verdade ele estava mesmo muito ansioso por este Natal. Tinha comprado toda a lista de presentes para os miudos e estava ansioso por ver a reacção deles. Tinham sido coisas caras, mas tinha dinheiro e não poupou esforços para lhes agradar. Aos filhos reservara supresas na empresa...
- Querido, serve-te!
Acordou do devaneio e serviu-se da bela posta de bacalhau, que cheirava deliciosamente bem. Todos comiam com satisfação, riam e brincavam. Um disco enchia o ar com uma melodia de Natal. As luzinhas do pinheiro de Natal brilhavam, parecendo estrelas pequeninas.
Estava assim há algum tempo em contemplação, vaidoso por ter uma familia bonita e orgulhoso por ter dinheiro para a sustentar. Fechou os seus olhos por momentos para absorver aquela sensação. E voltou-os a abrir.
o espanto estampado no rosto, um grito entalado na garganta. Estava sentado na berma do passeio em frente à sua fabrica. Tremia de frio e doi-lhe o corpo todo. O cheiro nauseabundo chegou-lhe às narinas. Era o seu proprio cheiro. As mãos sujas e geladas doiam-lhe tanto como se estivessem a ser cortadas por mil facas. Tentou levantar-se mas as costas nao se endireitavam. Descobriu que as tinha tortas.
Tantas perguntas....
Caminhou a custo pela rua até que viu uma janela iluminada. O estômago contraido pela fome, um gosto fraco na boca colada. Já não se le lembrava há quantas horas estava ali sozinho. Quando chegou à janela viu que era a sua janela e estavam todos a jantar. A lareira continuava acesa. Que vontade imensa de ir lá aquecer as mãos... Um homem estava sentado no seu lugar. Um homem que ele nao reconheceu.
Mas o que se teria passado? Tantas perguntas sem resposta...
Bateu à porta. O homem que vira sentado na mesa veio abrir.
-Vá-se embora. Não queremos cá pedintes.
Ele ainda tentou argumentar, mas já lhe tinham fechado a porta na cara. As lagrimas cairam-lhe pelo rosto. Não saberia suportar uma vida inteira assim, cheio de fome, de frio. Cheio de dores e cansaço, sentia que não teria capacidades sequer para pegar numa vassoura para varrer uma fábrica. Voltou para o seu velho cobertor. Enroscou-se bem, mas o estomago vazio nao o deixava dormir. Tiritava. Olhou para o céu e umas coisinhas brancas desciam devagar até pousar no chão. Nevava. Era noite de Natal e estava sozinho no mundo. Rejeitado e abandonado.
Pareciam que tinham passado muitas horas, parecia que aquela noite não tinha fim... Pensou no mendigo que enxotara e sentiu-se de repente com um nó no estomago, mas já não era fome, era arrependimento, era vergonha por ter julgado mal as pessoas. Era um sentimento indescritivel de amargura por saber que tinha tanto e outros nao tinham nada. Por saber que era feliz e nunca ajudara ninguem a sê-lo. Agora compreendia o quanto dói nao ter familia, nao ter amigos, nao ter apoio, ser doente, te fome, ter dores...
Foi nesse momento que viu um velho caminhar na direcção dele. Lembrava um pouco os druidas das historias dos elfos. Sentou-se à frente dele e disse:
-Feliz Natal para ti meu amigo... Creio que esta noite aprendeste uma lição...
As lagrimas toldaram-lhe os olhos e o homem desvaneceu-se na sua frente. Aos poucos as lágrimas eram tantas que nada conseguia ver...
- Pai! Pai! Que tens? Que sentes? Fala connosco pai...
Olhou-os quase sem ver. Estava de novo com a sua familia.
Saiu pela porta perante o olhar atónito de todos e voltou algum tempo depois com um mendigo.
Deixou-o aquecer-se um pouco, tomar banho e sentar na mesa com o resto da familia.
O homem mendigo chorava agradecido.
O homem rico chorava agradecido.
Texto de ficção escrito para a Fábrica de Histórias por Cláudia Moreira
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi