foto retirada da net
Sento-me para escrever. Ainda não sei bem sobre o quê, mas preciso de o fazer. Sinto-me sufocar. Sinto-me perdida. Tudo é cinza à minha volta. E dentro de mim, cinza, cinza. Dentro de mim, mais do que noutro lugar o cinza cobre tudo, como o pó cobre os móveis em casas abandonadas durante anos e anos...
A sua opacidade deixa-me presa num turbilhão de sentimentos contraditórios. Ora me sinto protegida de olhares indiscretos, ora me sinto sozinha e invisivel para a espécie humana. Estou sozinha. Volto-me e não vejo ninguém. Nunca vejo ninguém. Nada. Apenas o nevoeiro cinza que tudo cobre.
Caminho durante muitas horas e nada mais vejo do que o cinza. Para onde estou a ir? Existe um lugar para onde ir? Por onde estou a ir? Há caminho debaixo dos meus pés? Onde me leva? A terra firme ou estarei a um passo do abismo? Há céu acima de mim? Estarão outros perdidos como eu por aí? Será isto terra de ninguém? O fim da humanidade? Será isto o limbo? Terei já abandonado a vida?
O sol. Tenho saudades do sol. E de sorrisos. E das árvores verdes. Tenho saudades de lagos azuis. Tenho saudades de laranjas. E de morangos vermelhos. Tenho saudades de margaridas brancas. E também das madressilvas pérolas. Tenho saudades da terra e do fogo e da água e do ar. Tenho saudades da lua. Tenho saudades da vida. Tenho saudades de ti.
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi