Quando fiz sete anos o dia nasceu soalheiro apesar de estar no mês em que as folhas se tingem de mil cores e caem no chão, atapetando as estradas, os campos e os jardins. Mês em que uma brisa de Outono corre ao fim da tarde convidando a vestir um agasalho quentinho.
Era o meu primeiro dia de escola. E ainda por cima uma escola novinha em folha! Não tinha bancos, não tinha carteiras, não tinha livros nem lápis, mas estava cheia de meninos e meninas como eu, cheios de sonhos para cumprir! Não podia estar mais feliz!
Desde aquele ano que se tornou habito esperar ansiosamente pela escola e pelo meu aniversario ao mesmo tempo! Hoje os meninos começam a escola em Setembro, ainda é verão e não apetece ir a escola, mas naquela época começavam em Outubro e a vontade de rever os amigos, de estrear cadernos e jogar à macaca e ao lencinho era muito maior!
Lembro-me também, embora o tempo se tenha encarregado de esbater as lembranças, que quando cheguei a casa da minha avó ela tinha um lanche especial a minha espera: Broa quentinha para eu barrar com manteiga e ficar a vê-la derreter-se, preguiçosa, e depois deliciar-me com aquela gulodice maravilhosa!
À noite, já depois de anoitecer, a minha mãe chegou a casa e fizemos as duas o bolo de ovos. Naquela altura a família ainda era pequena, alem dos meus pais, só uma irmãzinha de um ano, que ainda não cantava, mas que bateu palmas com muita alegria ao ver a velinha a arder em cima do bolo!
Hoje sei que foi um aniversario pobre, com bolo feito em casa e sem amigos, sem festa, sem balões mas também sei que tinha uma família que eu muito amava e que muito me amava e que tudo fez com muito carinho. Alem disso, penso eu hoje, tive o melhor presente que alguém pode ter: a escola juntamente com a promessa de aprender mil e uma coisas novas!
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi