No saco plástico branco e gasto que carregava no braço trazia um quilo de arroz do mais barato e uma couve. O arroz era para aquela noite, a couve para a sopa do dia seguinte.
Chovia e gotas grossas e pesadas escorriam-lhe pelos cabelos negros. Estava escuro e o toc-toc dos saltos das botas nas pedras gastas da rua fazia eco na solidão da noite. Ainda seria preciso caminhar mais dois quilómetros até chegar a casa. E sentia frio apenas agasalhada com o velho casaco cinzento de fazenda puída. Tinha sido herança de uma amiga de longa data. Nunca o tinha conhecido novo.
Meteu a chave na porta do prédio e ela não cedeu à primeira tentativa de ser aberta. O vidro, há anos estalado, ameaçou cair de vez. À segunda tentativa a porta cedeu. O elevador não estava a funcionar há meses e ela morava no sexto andar. Era um longo caminho até poder finalmente entrar em sua casa.
Cada degrau era um sacrifício. A roupa molhada colava-se ao corpo deixando uma sensação fria e desagradável.
(...)
Inicio do conto que esperançadamente enviei à Fnac e que não foi escolhido... Gosto de pensar que não foi escolhido porque eram 949 contos e só podiam escolher 10:)
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi