esta foto é minha:)
Ao longe vejo o mar e o sol que me cega de tão forte que está. Semi-cerro os olhos cansados e deixo o pensamento voar entre as gaivotas e os pombos do mar. Não me movo nem um milímetro. Deixo apenas a imaginação correr, veloz, por cima das águas salgadas e não importa sequer onde me levará, nem o tempo que demorará a lá chegar.
Por momentos sinto a cabeça vazia. Apenas sinto o vento que sopra e o sol que me aquece. Ouço o marulhar das ondas por baixo de mim e o cheiro intenso de água salgada e algas entra-me pelas narinas com uma fúria imensurável. Estendo-me a mão para sentir a água fresca mas não acontece nada. Esqueci-me que era tudo imaginação. Até mesmo mexer a mão, pois toda eu estava quieta apenas olhando o mar e sol.
De repente és tu quem entra no meu sonho acordado. Tento expulsar-te de dentro de mim mas não consigo. Luto um pouco e fico ofegante. Quero que vás embora mas tu vieste para ficar. Estás muito bonito nessa tua roupa estranha. Nada condiz mas em ti parece perfeito. O cabelo desgrenhado pelo vento dá-te um certo ar rebelde e apetece-me passar as mãos por ele. Sei que é macio, mesmo nunca o tendo sentido na minha pele. Só depois percebo que o sonho acordado é meu e posso fazer o que me apetecer. Posso mesmo tocar-te no cabelo ou na mão ou onde quer que me apeteça. Esboço então um sorriso e penso que seria fácil beijar-te os lábios que vejo carnudos. Por momentos volto a imaginar o beijo que imaginei já tantas e tantas vezes. Desta vez parece ser especial porque apetece-me beijar-te dentro de um abraço. Tu não te mexes. É como se não tivesses mais nada que fazer, nem lugar nenhum para onde ir. Basta-me estender a mão para te tocar. É tão simples beijar-te…. Por isso faço-o. Dou meio passo vacilante e fico quase, quase colada a ti. Posso mesmo sentir as tuas roupas que me tocam ao serem tocadas pelo vento. Tens os olhos quase fechados por causa do mesmo sol que me cega mas mesmo assim vejo que têm um sorriso dentro deles. Devagar encosto-me a ti. Devagarinho para fazer prolongar o momento. Mesmo que seja imaginação e que a imaginação se possa usar sempre, sem peso nem medida não me apetece perder-te já. Encosto a cabeça ao teu peito… Que bom que és alto… Envolvo com os meus braços o teu corpo e ficamos suspensos no ar. O mar lá em baixo está tão sereno que mais parece um tapete azul. Imaginei-nos ali deitados olhando o azul do céu. Estaríamos então rodeados de azul por todos os lados. Talvez o céu seja assim: azul e felicidade. Eu e tu e o azul. Não sei. Não posso deixar que a imaginação me leve de ti. Não quero. Quero sentir ainda hoje os teus lábios. Compreendo que mesmo no sonho vais ter que te baixar um pouco para poder beijar-te. Olho-te então e entreabro os lábios num convite. Vens ao meu encontro. Sinto-os tão ao de leve que quase nem os sinto. Depois abraças-me também e sinto-te mais perto de mim. Os lábios mais perto dos meus. Colados aos meus. Depois... Depois sinto que queres sentir os meus lábios mais intensamente, mais profundamente… O sol forte já não importa porque fechamos os olhos. Não precisamos de ver o beijo que damos. Nem o abraço que damos. Nem o coração que se sente inquieto dentro do peito, num palpitar furioso pronto a saltar cá para fora. Só preciso de sentir-me assim muito perto de ti, o vento fresco que nos embala, o mar por baixo de nós, o silêncio, o tempo que não existe.
Abro os olhos e percebo que passou algum tempo. O sol está quase no ocaso. Em breve desaparecerá. Eu tenho de ir, não queria mas tenho de ir. Amanhã hei-de voltar. Quem sabe ainda te encontro por aqui? Quem sabe não poderemos ver-nos ainda muitas vezes…? Quem sabe…? Quem sabe…?
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
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- As palavras que nunca te direi