Falar sobre tudo e mais alguma coisa
Quinta-feira, 21 de Abril de 2011
6º e último dia no Caminho

orgulhosamente peregrinos!

 

 

Sexto e último dia do Caminho! Seguimos as queridas setas amarelas a partir de Padrón, e desta vez o destino era Santiago de Compostela! Seriam 23,9 km! Os últimos!

 

Partimos de Padrón ou Iria Flavia, nome com que tinha sido baptizada a vila na idade média, logo depois do pequeno-almoço no albergue. Andamos alguns kms até chegarmos à Escravitude, um santuário/mosteiro do sec XVIII, que mais uma vez estava fechado e só pude ver o seu interior por uma minúscula janela na porta. Depois, mais ou menos pelo décimo km a Ana começou a demonstrar algum cansaço e alguma saturação. Já tinha andado cerca de 110 km naquela semana e estava a ressentir-se. Levei-lhe a mochila durante algum tempo mas o cansaço era nas pernas, andava devagar e o André e eu tivemos que esperar por ela muitas vezes. Depois levei-a pela mão, a puxar ligeiramente e a falar com ela, sempre com palavras de incentivo. Claro que a etapa demorou um pouco mais tempo do que o previsto e não fosse termos que voltar nesse dia teríamos podido andar sem pressa e ao ritmo dela. Infelizmente ficar mais uma noite implicava mais gastos e a nossa carteira já estava mesmo muito magrinha…

 

A paisagem desta etapa também é bonita, mas talvez um pouco menos verde. Talvez um pouco mais agreste ou dispersa. Os últimos kms foram a subir o que não foi propriamente uma grande ajuda para a minha menina.

 

Depois de algum custo chegamos finalmente à periferia da cidade! Caminhamos já em Santiago em busca da catedral, meta há muitos dias almejada! Foi muito bom ter podido ver a ruas encherem-se de gente conforme nos íamos aproximando mais e mais da catedral. Quando por fim chegamos à Praza do Obradoiro um sorriso imenso abriu-se nos nossos rostos, mas muito em especial nos dos meus filhos! Tinham conseguido! Era notória a alegria mas também o cansaço! Depois, quando falamos do Caminho, eles perceberam a lição incluída nesta situação.

 

Na praça estavam os escuteiros e as peregrinas tia/sobrinha. Demos abraços e beijos e os sorrisos eram tão grandes que enchiam a praça toda! Sentámo-nos a apreciar a catedral, imensa, bela, imponente e importante e mais ainda por termos chegado ali pelo nosso próprio pé.

 

Depois fomos à Oficina do Peregrino para ir buscar a famosa Compostela, documento que comprova que fizemos, pelo menos, os últimos 100 kms a pé (ou os últimos 125 km de bicicleta ou a cavalo). Miraculosamente não esperamos nada (na minha primeira vez esperei mais de 1h30!!!) e pudemos exibir orgulhosamente e em menos de nada as nossas Compostelas. À saída pedimos a um peregrino que por ali estava que nos tirasse a fotografia da praxe!

 

Depois veio finalmente o abraço a Santiago! Foi com muita alegria que o abracei e que lhe dediquei um momento de agradecimento por nos ter ajudado a chegar ali sãos e salvos! Também visitamos a cripta onde estão os restos mortais do Apostolo. Pelo menos são os restos mortais que se acreditam ser do Apostolo Santiago trazidos na barca de pedra da Palestina para a Galiza, entretanto perdidos e depois encontrados precisamente onde agora é a catedral de Santiago de Compostela.

 

Visitamos o Froiz pela última vez, sentamo-nos nuns degraus de uma fonte e comemos uma sandes enquanto apreciamos o ambiente da cidade, o vai e vem dos peregrinos, estudantes e nativos da cidade. Santiago tem um ar especial, diferente de tudo o que já vi. Muito eclética nos seus habitantes e demais transeuntes, muito antiga e bonita nas suas ruas e edifícios, muito luminosa e airosa. Respirei a cidade mais uns momentos e deixei-a dentro do meu peito pois em breve seria hora de ir para a estação para apanhar o comboio de volta a casa.

 

Já na estação esperamos pelo comboio que nos levaria a Vigo. Pelo caminho vimos as Rias Bajas e uma parte do Caminho Rota do mar de Arousa e do rio Ulla, com os cruzeiros dentro de água. São paisagens de água maravilhosas, encimadas pelas cores mornas do pôr-do-sol, pinturas dignas dos mais famosos pintores!

 

Em Vigo apanhamos um comboio muito velho (mesmo muito velho) para Valença, local onde estava a nossa velha joaninha à nossa espera. Reencontramos o peregrino poeta e fizemos a viagem juntos.

 

Já tinha saudades, ainda não tinha chegado ao carro e já tinha saudades. De todos. De tudo. A magia do Caminho estava em mim, em nós. Foi com muita pena que me despedi de todos os que partilharam o caminho connosco. Um a um foram ficando para trás com promessas de reencontro, o poeta, o último, com uma despedida em Valença.

 

Na máquina fotográfica muitos registos digitais dos melhores momentos, mas foi no coração que ficaram registadas as maiores e melhores imagens! Além das imagens, os sentimentos. Além dos sentimentos, as emoções. Além das emoções a ternura por cada pessoa, peregrino ou não, cada pedra do chão, cada ribeiro de água cantante, cada erva da berma, cada ramo de árvore, cada cão ou gato que encontramos pelo caminho. O caminho fica em nós, para sempre, tatuado na pele e na alma!

 

E assim chegou ao fim esta maravilhosa aventura… e até à próxima que não há-de tardar!

 

Ultreia et Suseia!          

        

 


sinto-me: :)

publicado por magnolia às 15:52
link do post | comentar | favorito

9 comentários:
De efoi a 20 de Agosto de 2012 às 09:19
:D Finalmente concluído!!!

Agora também já sou peregrino!!
De bicicleta ok, mas cheguei lá :D, tinhas razão , vale mesmo a pena

Beijinho, espero que esteja tudo bem contigo
Averse



De magnolia a 20 de Agosto de 2012 às 10:27
averse! há quanto tempo!!! nem sabia deste teu novo blog!
muito bem:))
parabéns peregrino!! espero que tenhas sentido a magia do caminho:))

um beijinho


De efoi a 20 de Agosto de 2012 às 11:51
A magia não sei!! Mas que foi muito giro, introspectivo, relaxante e divertido lá isso foi.

Já há muito que andava com o "bichinho", proporcionou-se e só é pena que passe tão rápido

Beijinho


Comentar post

...e mais ainda...
Cláudia Moreira

Cria o teu cartão de visita
Março 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


Ideias recentes

Entrudo

Fábula

primavera

música, da boa.

poema simples

A invenção do Amor

we all do have some nost...

manhãs

poema simples

That 'cause sometimes I t...

breve história de uma árv...

O Humor dos outros.

2013 - os livros que li, ...

Feliz Ano Novo!

Porque os livros (também)...

2013 - os livros que li, ...

That 'cause I think of my...

Estes já têm lugar na min...

Quem se lembra?

2013 - os livros que li, ...

Ideias antigas

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Julho 2007

Junho 2007

Março 2007

Março 2006

tags

todas as tags

links
Procuras alguma ideia em especial?
 
Ideias em pelicula
blogs SAPO
subscrever feeds
Em destaque no SAPO Blogs
pub