Dou por mim a resistir à verdade violentamente. Não quero aceitar que já não acredito nos sentimentos dos homens. Digo que sim, que são capazes de amar incondicionalmente, mas não acredito. No dia a dia, o primeiro pensamento, aquele que nunca, mas nunca, consigo controlar, é de pura desconfiança. Não quero sentir assim. Não quero pensar assim. Dói que o meu coração contradiga a minha razão. Quando alguém se casa, penso no para quê que o vão fazer se vai acabar em divórcio? Quando vejo casais consolidados, já mais velhos, penso que estão juntos por obrigação e penso com mágoa que ele já não a mima, não a respeita, não a ouve, não faz amor com ela e que vivem uma vida feita de rotinas, deveres e obrigações.
Talvez seja pelo elevado número de mulheres divorciadas que conheço. Talvez seja pelas histórias dolorosas que me contam as mulheres cujos sonhos de felicidade foram defraudados, mães que arcam com a responsabilidade de criar filhos sozinhas, mulheres maltratadas fisica e psicologicamente pelos mesmos homens que as juraram amar e respeitar para sempre.
O desencanto instalou-se no meu espirito frágil. Os meu próprios problemas mutilaram para sempre a minha confiança nos sentimentos alheios. A minha capacidade de acreditar que o amor existe, que o respeito existe, que a partilha é possivel, tudo isso ficou perdido algures num passado muito distante. A minha própria história fez de mim uma mulher pessimista, amarga, triste, mal-amada dirá quem me lê. Não sei contar com mais ninguém que não seja eu. Não consigo acreditar que alguém consiga nutrir sentimentos reais e sinceros por mim.
Serei capaz de mudar estes sentimentos? Não sei. O que sei é que fico tão enternecida quanto triste quando vejo um casal jovem ou menos jovem em que ele lhe dá um beijo terno e ela sorri como se nada mais existisse além daquele momento... que só me apetece chorar.
Outras IDEIAS minhas
Ideias de outros que eu gosto de ler
- As conversas são como as cerejas
- As palavras que nunca te direi